São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Hispânicos querem 500 mil em Washington

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Depois da Marcha de 1 Milhão de Homens, que colocou milhares de negros na capital dos EUA, chegou a vez dos hispânicos tentarem fazer uma demonstração de orgulho étnico em Washington.
Os organizadores de "La Marcha", como é chamada a passeata programada para amanhã, querem que ela seja a maior mobilização de descendentes de latino-americanos da história do país.
As entidades que reúnem hispânicos nos EUA estão divididas quanto a "La Marcha". As mais conservadoras preferiram não apoiá-la. A maior parte dos organizadores vem do movimento sindical, principalmente da Califórnia. A maior central sindical do país, a AFL-CIO, está dando apoio logístico ao evento.
As palavras de ordem da passeata são: continuidade para os programas de ação afirmativa (que dão garantias a minorias étnicas), anistia para imigrantes ilegais, fim das iniciativas que dificultam a imigração para os EUA.
Hispânicos e descendentes já são quase 10% da população norte-americana e, nos próximos 10 anos, vão ultrapassar os negros (11%) como a principal minoria do país.
Mas eles ainda estão pouco organizados politicamente. Até "La Marcha", suas principais manifestações públicas foram feitas há dois anos na Califórnia em protesto contra a proposição 187, projeto de lei que pretendia cortar todos os serviços públicos (inclusive escola e atendimento de emergência) a imigrantes ilegais no Estado.
Apesar de aprovada em plebiscito, a 187 nunca entrou em vigor porque diversos juízes federais a consideraram inconstitucional.
Por enquanto, a manifestação de amanhã tem obtido muito pouco espaço em jornais ou emissoras de TV e rádio de influência nacional.
Mesmo os meios de comunicação de Washington, onde a passeata acontecerá, têm dado pouca importância à iniciativa.
Embora alguns organizadores falem em 500 mil pessoas na marcha, as entidades que a promovem preferem não fazer previsões.
A maioria dos manifestantes está vindo de Los Angeles, no outro extremo do país. Os hispânicos de Miami, Costa Leste, não têm mostrado interesse na manifestação. A maior parte da comunidade da Flórida é conservadora e discorda politicamente dos organizadores.
Porta-vozes dizem que, apesar de estar sendo realizada a três semanas da eleição, "La Marcha" não pretende influenciar o voto este ano, mas preparar a comunidade hispânica para o pleito de 2000.

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