São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Brasil x Brasília

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O sindicalismo despertou para a tal de globalização. É esse o sentido principal da reunião, iniciada ontem, da Coordenadora de Centrais Sindicais do Cone Sul, entre elas as três principais do Brasil.
É claro que haverá gritaria contra o neoliberalismo, contra a própria globalização, haverá até bravatas sobre greve geral.
Mas, por trás da bruma que a estridência sempre levanta, o fato real é que o sindicalismo descobriu que criticar a globalização é tão eficaz como opor-se ao nascer do Sol. Uma e outro são inevitáveis, gostemos ou não.
Por isso, resolveu subir ao trem, para, como diz Vicente Paulo da Silva, presidente da CUT, tentar fazer com que a globalização beneficie todos e não apenas os grupos econômicos.
Não é fácil porque, nesse jogo, quem dá as cartas e joga de mão é o capital, não o trabalho. Mas é melhor do que perder por ausência.
Outro bom sinal vem da CNI (Confederação Nacional da Indústria), ao entregar alentado estudo sobre educação ao ministro Paulo Renato. O pacote inclui um punhado de platitudes, mas, na essência, pode ser tido como o reconhecimento por um setor empresarial de que o chamado "custo Brasil" não deve ser visto apenas pelo lado dos impostos e da infra-estrutura.
Precisa incluir o capital humano, tão despreparado que, segundo a CNI, 69% dos empregados da indústria têm, no máximo, primeiro grau.
São iniciativas que mostram que o compasso do Brasil é diferente do de Brasília, limitado ao samba de uma nota só da reeleição.
PS - O prefeito Tarso Genro (PT, Porto Alegre) aponta imprecisão em texto publicado quarta-feira no qual dizia que o orçamento participativo é muito mais gerencial do que ideológico. Tem abundantes argumentos em contrário, mas resumi-los seria correr o risco de cometer outra simplificação excessiva. Fica para o próprio Tarso fazê-lo, em eventual artigo para a página 1-3.

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