São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Estratégia malufista

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A rigor, Paulo Maluf tem três opções principais de futuro à sua frente.
1) Sem reeleição - esta é a hipótese mais remota. FHC não poderia ser candidato. Os partidos que mandam no país sairiam à caça de um candidato viável. E Maluf estaria com uma avenida para desfilar seu discurso neodesenvolvimentista como opção à Presidência da República.
2) Com reeleição e FHC forte - é a hipótese que Maluf mais teme. Mas é também a que considera mais provável, embora não diga isso em público.
O atual presidente chegaria em 98 com a economia relativamente nos eixos. Isso credenciaria FHC como o candidato do establishment para ficar mais quatro anos no Planalto.
Maluf sofreria um drama pessoal. Teria de vencer seu instinto básico, que o compele a ser candidato toda vez que surge uma eleição. Pela lógica, nesta segunda opção, deveria tentar, no máximo, ser governador do Estado de São Paulo.
3) Com reeleição e FHC fraco - é a hipótese com a qual Maluf mais sonha. O prefeito paulistano acredita que a emenda da reeleição acabará sendo aprovada, cedo ou tarde.
FHC estaria desgastado por causa das negociações para conseguir o direito à reeleição. Além disso, pelos olhos de Maluf, a economia pode estar capenga em 98. A soma desses dois fatores enfraqueceria o atual presidente da República.
Nessa hipótese, Maluf acredita que conseguiria rivalizar com FHC pelo apoio das forças hegemônicas do país.
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Dentro da estratégia malufista há um componente que ainda não foi devidamente esclarecido. A força do prefeito no Congresso sobre a bancada do PPB, seu partido, ainda está para ser melhor aferida.
Maluf costuma dizer que tem, pelo menos, 70 dos 98 deputados do bloco PPB-PL na Câmara a seu favor.
Aqui em Brasília, não é nem de longe o que se ouve dentro do Congresso.

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