São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 1996
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Direito de não votar

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - O PT do Rio de Janeiro está levando bordoada de todo lado por defender o voto nulo no segundo turno.
O candidato do PT, Chico Alencar, teve mais de 650 mil votos, mas ficou de fora da disputa, que será travada entre Sérgio Cabral Filho (de uma coligação liderada pelo PSDB) e Luiz Paulo Conde (PFL).
Ficou de fora e não brinca mais: em vez de liberar seus eleitores para que democraticamente façam o que bem entenderem, Alencar e outros próceres do partido no Rio querem que ambos os candidatos sejam rejeitados por meio do voto nulo.
O PT poderia aproveitar o embalo da derrota e, em vez de uma posição tão casuística, adotar outra, muito mais consistente: defender o voto não obrigatório.
Vota quem quer.
Assim, ninguém é obrigado a votar em quem não quer ou "pagar o mico" de defender o voto nulo porque não participa da eleição.
Se o direito de votar é sagrado, o direito de não votar deveria ser também.
*
O "restauranteur" italiano Luciano Pessina depôs ontem diante de um juiz federal no Rio.
Ele está preso há dois meses na Polícia Federal porque há um pedido de extradição da Itália por supostos delitos que teriam sido praticados durante sua militância política na década de 70.
Pessina mora há 14 anos no Rio, é personalidade notória e cidadão produtivo aqui. Tem uma filha brasileira.
O depoimento de ontem serviu para mostrar que suas ações ocorreram num contexto político característico dos conturbados anos 70. E só. Nada tem com a vida que ele leva no país que escolheu para viver.
Será um bom subsídio para o Supremo Tribunal Federal, que vai julgar o pedido da Itália.
O STF tem a tradição de não condenar os chamados "crimes de consciência". Certamente vai avaliar serenamente o caso e devolver Pessina à liberdade.

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