São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996
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Renato Russo morre aos 36 por complicações decorrentes de Aids

CRISTINA GRILLO
RONI LIMA

CRISTINA GRILO; RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O músico estava em seu apartamento no Rio, acompanhado dos pais; corpo deve ser cremado hoje

O cantor e compositor Renato Manfredini Jr., o Renato Russo, 36, morreu ontem à 1h15, em seu apartamento em Ipanema, de complicações decorrentes da Aids.
Russo estava acompanhado pelo pai, Renato Manfredini. O corpo do artista será cremado hoje pela manhã no crematório do cemitério São Francisco Xavier, no Caju (região portuária do Rio).
A cremação atende a um pedido feito pelo próprio compositor, que pediu para não haver velório.
"Ele tinha Aids há seis anos e morreu por causa de complicações da doença", disse Bteshe, 46, à Folha. O médico, que o acompanhava desde que ele havia descoberto ser portador da doença, disse que ele estava com anorexia grave.
A anorexia (doença que leva à perda de apetite) fez com que o estado de saúde de Renato Russo se agravasse. Por isso, no meio da semana, correu no Rio a informação de que ele teria morrido.
"Isso pode ter apressado o fim. Ele estava muito fraco", disse o médico. Ainda de acordo com Bteshe, Russo se recusou a ser internado. "Decidimos respeitar sua vontade. Ele queria privacidade e por isso ficou em casa."
No apartamento de Russo foi montado um "mini-hospital". Equipes de enfermeiros se revezavam ao lado do cantor durante as 24 horas do dia. Bteshe também ia ao apartamento diariamente.
"Havia condições compatíveis com as de um hospital, mas não houve jeito. Renato se entregou à depressão", disse o médico.
Há um mês, Renato Manfredini, pai de Russo, havia deixado Brasília, onde mora, para ficar com o filho em seu apartamento em Ipanema, na rua Nascimento Silva.
A mãe, Maria do Carmo, só chegou ao Rio ontem pela manhã.
Nota oficial
Na nota oficial divulgada pela manhã pelos músicos Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá (companheiros de Russo no Legião Urbana) e pelo empresário Rafael Borges, não há referência à Aids.
O corpo de Russo deixou o apartamento de Ipanema por volta das 16h e foi levado ao crematório do cemitério do Caju.
Poucos fãs acorreram ao apartamento do artista e ao cemitério. Em Ipanema, até que o corpo deixasse o local, nove fãs permaneceram diante do prédio de Russo.
Na portaria do crematório, o grupo aumentou para 25 pessoas, todos jovens. Ao som de um violão, até o começo da noite, lá permaneciam entoando músicas do grupo Legião Urbana.
"Era um grande amigo, nos falávamos com frequência, mas ele nunca me disse que tinha Aids. Eu sabia, eu sentia que ele estava doente. Não consigo entender por que ele não falou", disse o ator Maurício Branco, 26.

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