São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996
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Cirurgiã se exime de responsabilidade

DA REPORTAGEM LOCAL

Numa tumultuada entrevista coletiva ontem pela manhã, a cirurgiã plástica Ana Helena Teixeira -chefe da equipe que operaria Cláudia Liz na Clínica Santé- disse não ter responsabilidade sobre as complicações na saúde da atriz e modelo Cláudia Liz.
Ela disse que o problema aconteceu no momento em que a atriz tomou a anestesia, e que naquele momento nem estava na sala.
Helena Teixeira não acusou o anestesista Francisco Minan Neto de ter cometido erro médico, e disse que ele fez tudo o que era necessário.
Sobre o fato de ter ocorrido um possível erro médico, a cirurgiã preferiu não falar. "Se houve erro, só se saberá após investigação."
O anestesista Minan não foi à entrevista. Ele foi procurado pela reportagem até o fechamento desta edição, mas não foi localizado. A clínica recusou-se a dar algum telefone de contato dele.
"Todos os procedimentos adotados quando as complicações começaram foram adotados pelo doutor Minan. Era meu dever aceitar as condutas dele."
Helena Teixeira se contradisse pelo menos uma vez. No início da entrevista afirmou que só entrou na sala cirúrgica quando a modelo e atriz Cláudia Liz já estava anestesiada e inconsciente. Pouco depois afirmou ter ficado "todo tempo a seu lado".
Segundo ela, mesmo sendo a chefe de equipe, a responsabilidade pelos atos médicos a partir do momento em que fora registrada uma queda no nível de oxigênio em Cláudia era de Minan.
Passo a passo ao coma
Segundo Helena Teixeira, às 11h, Cláudia já estava no chamado estado pré-operatório (recebeu visita do anestesista, que fez um rápido exame de rotina). Ele a liberou para a operação.
Às 13h, segundo a médica, o nível de oxigênio começou a baixar. "Eu estava entrando na sala neste momento", disse.
Imediatamente, segundo Helena Teixeira, Cláudia foi entubada (foram colocados equipamentos para ajudar na respiração) e medicada. Ela afirmou que nesse momento já havia decidido cancelar a cirurgia.
O anestesista teria dito que Cláudia despertaria aos poucos.
Seu estado foi melhorando, afirmou a cirurgiã, e o anestesista, por volta das 16h, decidiu "destubá-la" (tirar o aparelho de oxigênio) de sua boca.
Então, declarou a médica, o nível de oxigênio da atriz já estava normalizado. Como a atriz não acordava, o anestesista decidiu fazer uma tomografia. A clínica não tem o aparelho.
"Fui eu quem ligou para o Einstein e reservou um quarto na UTI para ela. Em seguida falei com o Celso (Loducca, marido da atriz e modelo). Quando ele chegou à clínica a ambulância UTI já estava na porta."
Helena Teixeira afirmou que Cláudia não saiu em coma da clínica. "Ela apresentava todos sinais vitais e reagia a estímulos."

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