São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996
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Centrais da AL promoverão ato conjunto

DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez na sua história, seis países sul-americanos vão assistir a uma manifestação conjunta e simultânea dos trabalhadores da região.
Reunidas em São Paulo, anteontem e ontem, as principais centrais sindicais do Brasil, do Paraguai, da Argentina e do Uruguai escolheram 17 de dezembro como o "Dia Internacional de Luta". Nessa data, serão promovidos atos públicos nos quatro países, no Chile e na Bolívia.
A data coincide com a reunião dos presidentes dos países que formam o Mercosul (Mercado Comum do Sul), em Fortaleza (CE).
A idéia das centrais é realizar uma grande manifestação nas ruas de Fortaleza, no dia 17, quando os presidentes desses seis países estarão reunidos.
No mesmo dia, as centrais irão promover nos demais países atos públicos em frente às embaixadas.
Ou seja, na Argentina, as manifestações se concentrarão nas embaixadas dos outros cinco países. E assim por diante.
Segundo o secretário-geral da CGT (Confederação Nacional dos Trabalhadores) brasileira, Canindé Pegado, o ato do dia 17 é o primeiro passo para uma "ação maior" no ano que vem.
Na prática, as centrais irão testar sua capacidade de mobilizar a sociedade para uma greve geral na região, que pode acontecer em 97, dependendo dos resultados dessa primeira manifestação.
A ação conjunta em dezembro terá duas bandeiras: empregos e salários.
Os sindicalistas querem a adoção de políticas que combatam o desemprego e o crescimento do número de trabalhadores sem carteira assinada na região.
Outro ponto importante da pauta é a equiparação dos direitos trabalhistas, com a adoção de um salário mínimo padrão para os países que integram o Mercosul.
Hoje o salário mínimo varia de US$ 112 no Brasil a US$ 300 no Paraguai, onde esse valor raramente é respeitado.
Segundo o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, a principal luta das centrais será para agregar uma "visão humana" ao processo de globalização.
"É preciso garantir que os ganhos com a formação do bloco econômico sejam repartidos entre todos", disse Vicentinho.
Na mesma linha de raciocínio segue o coordenador da PIT/CNT, única central sindical uruguaia, Eduardo Fernández: "A globalização tem que servir a toda a sociedade".
As centrais sindicais também agendaram uma segunda ação conjunta. Ela deve acontecer em março de 97, em uma região de fronteira, para facilitar o deslocamento dos participantes.

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