São Paulo, sábado, 12 de outubro de 1996
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FHC elogia dupla, mas evita defender Timor

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso felicitou ontem os vencedores do Prêmio Nobel da Paz, d. Carlos Filipe Ximenes Belo e José Ramos-Horta, apesar de o Brasil manter-se neutro sobre a independência de Timor Leste.
O governo brasileiro avalia que a ONU (Organização das Nações Unidas) é o fórum mais adequado para solucionar a questão e, por isso, nunca fez uma defesa veemente da independência do país.
O Ministério das Relações Exteriores considera que a ONU deverá ser bem-sucedida na negociação com a Indonésia para a realização de um plebiscito, sob controle internacional, sobre o tema.
A cautela brasileira está mais relacionada com a disputa de uma vaga no Conselho de Segurança da ONU do que com relações comerciais firmadas com a Indonésia.
Mesmo assim, o Itamaraty diz que o presidente Fernando Henrique Cardoso já se manifestou recentemente sobre o assunto.
Em julho, FHC, durante reunião em Lisboa (Portugal) de presidentes de língua portuguesa, disse que espera uma solução favorável à autodeterminação de Timor Leste.
Na mensagem enviada aos dois ganhadores do Prêmio Nobel, FHC afirma que espera que o prêmio "possa contribuir para o bom êxito das negociações, com vistas a uma solução ampla, justa e internacionalmente aceita da questão timorense".
EUA e Vaticano
O governo dos Estados Unidos congratulou os ganhadores do Prêmio Nobel da Paz, mas tentou justificar a venda de armamentos para a Indonésia.
Os vencedores criticaram a compra de aviões de combate F-16 pelos EUA, comparando o regime indonésio ao iraquiano. "Bem, essa não é a visão do governo americano", disse o porta-voz da Casa Branca, Mike McCurry.
"Nosso objetivo é participar da transferência de armas naquela região para promover estabilidade, defesa, segurança."
Nicholas Burns, porta-voz do Departamento de Estado, disse que o país faz esforços há anos para resolver a questão de Timor.
Outra reação importante veio do Vaticano -desde 1979, com madre Teresa, um religioso católico não ganhava o Nobel da Paz.
"A decisão constitui o reconhecimento da atividade de um eclesiástico caracterizada pela busca incansável de um diálogo que leve a soluções pacíficas", disse o porta-voz Joaquín Navarro-Valls.
A organização Anistia Internacional também elogiou a decisão do comitê do prêmio, mas disse que a comunidade internacional não pode deixar de ser vigilante quanto à situação dos direitos humanos na Indonésia.

Com agências internacionais

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