São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Contas de luz chegam a R$ 60

ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA; VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A maior reclamação de quem se muda para o Cingapura não é a parcela de R$ 57. Nem o condomínio, de cerca de R$ 17. A surpresa é com a conta de luz.
A maioria das contas está na faixa dos R$ 60, o que é um susto para quem vivia em um barraco e não pagava nada, ou pagava com subsídio da Eletropaulo (R$ 12,71).
Irene Maria de Jesus, 57, dona de um bar e moradora do Cingapura Zaki Narchi (zona norte), diz que sua conta de luz corresponde a quase dois meses de prestação.
"São seis pessoas em casa, e a conta passada foi de mais de R$ 100. Isso é uma favela, não temos condição de pagar", reclama.
Irene gosta do apartamento, porque agora "dorme sem medo de incêndio", mas acha que pode acabar sendo despejada. "Só vão me tirar daqui com muita luta."
Nilda da Silva, 44, desempregada, não paga a luz há três meses. "Como sou sozinha com meus filhos, me apuro na hora das contas. Daqui a pouco vão cortar a luz. Se eu tivesse condição, não morava na favela."
A faxineira Terezinha de Jesus Monteiro, 33, cuja conta do mês passado estava na casa dos R$ 70, afirma que a Eletropaulo deveria continuar cobrando dos ex-favelados a mesma taxa de quando moravam no barraco. "É sacanagem mudar de uma hora para outra."
A Eletropaulo informa que estuda cobrar tarifa social dos novos moradores do Cingapura. Até agora, a empresa não definiu se isso será possível.
(AOA e VA)

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