| São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996 |
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Pitta julga 'desprezível' chance de ser batido por Erundina no 2º turno
CARLOS EDUARDO ALVES
Alguns segundos depois, Pitta tenta consertar. "Não considero que já ganhei", afirma, talvez lembrando de outro candidato paulistano que, em 85, posou para foto na cadeira do prefeito antes da abertura das urnas. Naquele ano, Fernando Henrique Cardoso perdeu a eleição para Jânio Quadros. Pitta acha que Luiza Erundina (PT) é a adversária ideal para ser batida no segundo turno. "Ela tem uma administração criticada", declara. Por isso, o telespectador do horário gratuito pode se preparar para uma guerra de números. A idéia do malufismo é durante os 15 dias de propaganda na TV fazer a "comparação" entre a atual gestão municipal e a de Erundina (89 a 92). O tempo de exposição na TV será limitado ao horário gratuito e entrevistas. Debates, talvez só um. Pitta quer administrar a vantagem que mantém sobre a petista e, além disso, não tem uma boa avaliação sobre seu desempenho no último debate do primeiro turno. "Eu estava irritadíssimo e ninguém teria um comportamento diferente", acha. Para o candidato, na ocasião sua honra foi colocada em xeque com a denúncia sobre operações financeiras que autorizou quando secretário municipal de Finanças. "Fura-Fila" O pior momento, na avaliação de Pitta, já passou. Foi quando assumiu a liderança na corrida sucessória e virou alvo da "ação conjunta dos adversários". Ocorreu mais ou menos junto com o episódio do "Fura-Fila", a idéia nova do malufismo na eleição e que foi bombardeada pela campanha de José Serra (PSDB). Pitta não afirma, mas dá a entender que a artilharia tucana em cima de seu projeto pode ter inviabilizado a vitória no primeiro turno. "A progressão que tínhamos no final de agosto foi interrompida", declara. A reabilitação do "Fura-Fila", aliás, será um dos motes malufistas no segundo turno. Arranhada pelos tucanos, a idéia será ressuscitada pelo marketing de Pitta. No primeiro turno, Serra conseguiu criar um antagonismo entre o "Fura-Fila" e o metrô, cuja expansão era a principal promessa de campanha do PSDB. Erundina praticamente omitiu-se do debate. "Vamos mostrar agora que o 'Fura-Fila' é viável", afirma Pitta. Depois do entrevero com os tucanos, que agora quer esquecer, o candidato do PPB faz uma avaliação da campanha de Serra. "O Serra se colocou num pedestal de sapiência absoluta, o que foi contraproducente para ele", afirma Pitta. O ministro Sérgio Motta, que, entre outros termos, recorreu ao "iogurte" para definir Pitta, também não é esquecido pelo pepebista. "Declarações ofensivas apenas realçaram minha diferença em relação aos políticos carcomidos", diz. Os correligionários dos "políticos carcomidos", no entanto, são agora cortejados por Pitta. O malufista faz o aceno em direção aos tucanos, que têm em Motta um de seus líderes mais destacados. Pitta tenta negar a incoerência no ato de buscar agora o aval de adversários ferozes de uma dezena de dias atrás. "Não estou me fazendo de esquecido. Quero é conquistar o apoio dos eleitores do PSDB", declara. Estratégia Pitta e Maluf acham que já conseguiram vencer o round mais preocupante do segundo turno: evitar que Erundina se transformasse imediatamente na opção de voto dos eleitores dos derrotados na primeira rodada e, consequentemente, em candidata de uma frente suprapartidária. Mesmo que as adesões públicas de tucanos, por exemplo, até agora sejam de políticos de pouca expressão, a avaliação no PPB é de que a demora do PSDB em optar pela neutralidade ou pelo aval à candidata do PT deixou o campo aberto para a cooptação das bases e, melhor, fixou no eleitorado a impressão de avanço do malufismo no adversário do primeiro turno. Uma reunião amanhã entre Pitta, Maluf e os publicitários Duda Mendonça e Nelson Biondi vai definir os rumos da propaganda de TV do candidato nas próximas semanas. Biondi confirma que o "Fura-Fila" será ressuscitado, depois do recuo no primeiro turno. "Eles (PSDB) tentaram machucar a pessoa física do Pitta com a discussão, questionando sua credibilidade, mas vamos trazer a verdade", diz. Biondi, um veterano das campanhas de Maluf, também não esconde que acredita ser quase impossível para Erundina reverter a situação desfavorável com que entrou na última etapa da disputa paulistana. "Precisamos ser mágicos para perder a eleição", declara. Texto Anterior: Militantes avaliam campanhas em SP Próximo Texto: Pepebista investe no eleitor jovem Índice |
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