São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Imóvel popular encarece e dificulta projetos da CEF

DANIELA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os programas de financiamento da casa própria já lançados pela CEF (Caixa Econômica Federal), para atender às camadas de baixa renda, têm difícil aplicação em grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio e Brasília, onde há maior déficit habitacional.
A pouca oferta de imóveis populares e a burocracia para legalizar a compra nessas cidades dificultam, aos mutuários que já tiveram o financiamento liberado, a aquisição da casa própria.
O Pró-Cred Individual, para pessoas com renda de até 12 salários mínimos, foi lançado em setembro de 95. O imóvel pode custar até R$ 58 mil e o valor máximo do financiamento, com prazo de 20 anos, é de R$ 31, 5 mil. Os juros vão de 3% a 9% ao ano, mais TR.
A CEF selecionou até setembro 257 mil pessoas.
Segundo ele, as cartas de crédito autorizadas se situam na faixa de R$ 12 mil, permitindo a compra de imóveis que custam entre R$ 15 mil e R$ 20 mil. Esses mutuários têm renda média de seis mínimos.
"Os preços dos imóveis populares aumentaram em função da maior demanda. A falta de oferta fez os preços dobrarem", diz ele.
São Paulo representa 20% das cartas contratadas, Rio 11%, e Santa Catarina, 55%. Mas a maior parte dos imóveis comprados em São Paulo e Rio se concentra em cidades do interior, onde os preços são mais baixos e há menos dificuldades para legalizar os terrenos.
Em São Paulo, os imóveis mais populares muitas vezes não têm os documentos exigidos para outorga do crédito, como licença da prefeitura ou escritura de posse.
"Essa é a realidade do imóvel urbano de baixo valor", afirma Eduardo Zaidan, vice-presidente financeiro do Sinduscon, sindicato que representa as construtoras.
O próprio presidente da CEF, Sérgio Cutolo, afirmou recentemente que os obstáculos poderiam motivar o cancelamento de mais de 30 mil cartas de crédito do Pró-Cred Individual.
A CEF também aumentou o prazo o interessado encontrar um imóvel. Ele tem agora 90 dias, prorrogáveis por mais 90. Só depois a carta será cancelada.
Zaidan diz que o programa habitacional que a CEF irá lançar para a classe média "parece estar melhor estruturado do que os outros já lançados".

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