São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996 |
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Corinthians vive com os sinais trocados
ALBERTO HELENA JR.
Se, para um cartola amador, desses que se dedicam ao clube por paixão apenas, já é uma declaração de impotência, imagine para alguém que recebe salário e que se apresenta, portanto, como um profissional do ramo. Aí está clara e definida a razão do fracasso corintiano nesta temporada: é um clube que vive com os sinais trocados. Alguém deve ter falado em clube-empresa, e os dirigentes tascaram em cima, contratando um empresário para cuidar dos problemas do time de futebol -um empresário desses que compra e vende passes de jogadores. No fundo, não era pra resolver problema algum, a não ser servir de anteparo entre a crítica e os cartolas não-remunerados, já cansados de levar biaba da imprensa e dos torcedores. Isso, na era da informática, quando o departamento de futebol de um clube do porte do Corinthians deveria ter lá nos seus arquivos a relação de todos os jogadores em atividade no país, além dos destaques estrangeiros, com suas fichas completas -idade, peso, altura, características de jogo, perfil psicológico e o escambau. Ah, estou precisando de um centroavante. Muito bem, de que tipo? Nacional ou importado? Em que faixa de custos etc.? Zap, tá aqui. Tem Fulano, Beltrano, Sicrano, pode escolher. É como se faz nas agências de modelo, nas grandes empresas que oferecem executivos para multinacionais. Uma rede de olheiros espiando por esses campos afora e o arquivo, vivo, sendo sempre atualizado. Sei que para os Vadihs Courys da vida estou falando grego. Na verdade, falo o esperanto moderno, cujo glossário se resume em três palavrinhas mágicas: criatividade, organização e eficiência. * A propósito, corre por aí que o São Paulo estaria disposto a convidar o ator Cássio Gabus Mendes para assumir o seu departamento de futebol. Tricolor de nobre estirpe, que começa com o avô Otávio Gabus Mendes, pioneiro da era do rádio e autor, entre outras façanhas, dos únicos versos sem rima do nosso cancioneiro popular, a antológica "Súplica", de parceria com o santista José Marcílio, gravada por Orlando Silva nos anos 30. Passa pelo pai, Cassiano, o maior gênio da história da nossa televisão, e, pelo caminho, agrega o tio, Luís Gustavo, o Tatá, e se completa com o irmão Tato. Ligadíssimo, sensível e bem informado, Cássio, porém, é um neófito nas artes da cartolagem. Mas, em tempos como estes, o que poderia ser um defeito vira virtude. * A convocação de Marcelinho comprova, mais uma vez, a falta de sintonia de Zagallo com o resto do país. Mexa-se, velho Lobo, e venha rever os amigos, de vez em quando. Texto Anterior: Rei do ringue 'cumprimenta' mundo Próximo Texto: Pizza Índice |
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