São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Quando mais é menos

JUCA KFOURI

O Flamengo jogou 14 vezes e ganhou apenas 20 dos 42 pontos que disputou.
O Corinthians disputou 13 jogos e conta com 19 entre os 39 pontos disputados.
Os dois clubes mais populares do país não chegam nem a 50% de aproveitamento.
É muito provável que hoje o rubro-negro chegue a 23 pontos em 45, e o alvinegro a 22 em 42, ultrapassando os tais 50%.
Afinal, os cariocas enfrentam o Paraná Clube, no Rio, e os paulistas pegam o Fluminense, em São Paulo.
Mas, de qualquer forma, as campanhas de ambos são paupérrimas e só têm infelicitado a grande massa de apaixonados que reúnem.
A situação de penúria técnica é equivalente, mas as políticas são opostas, o que desorienta o analista.
O Fla investe e compra.
O Corinthians economiza e vende.
Mas o Flamengo imagina que o marketing é um fim em si mesmo, quando é apenas um meio.
O Corinthians ainda nem sabe bem o que é isso.
O Flamengo é o clube com mais torcida no Brasil.
Mas o Corinthians é o mais querido na região mais rica do país, e os fiéis são mais numerosos em São Paulo que os rubro-negros no Rio, pois há 2,5 vezes mais paulistas que fluminenses.
A soma de tantos mais, mais e mais com mas, mas e mas, dá menos.
Tem sido assim na contabilidade rubro-alvinegra.
Houve momentos de lucidez tanto na Gávea quanto no Parque São Jorge no começo dos anos 80.
Foram os tempos do Mengo campeão mundial e da Democracia Corintiana.
Tempos que não se transformaram no que deveriam, na profissionalização dos que têm a responsabilidade de conduzir duas das, potencialmente, maiores empresas da economia nacional.
E flamenguistas e corintianos vêem toda a grandeza que significam tratada como se fosse de alguns poucos, gente menor que, por ambição material ou paixão sincera, só é capaz de fazer grande quando se trata de causar prejuízos ou frustrações.
O pior é que não se vê uma solução a curto prazo. Porque o problema não é só de gente, mas de estrutura e, neste aspecto, Flamengo e Corinthians são apenas um retrato dramático da situação de nosso futebol.
Uma lei que obrigue os clubes a virar empresas é um caminho que pode fazer do Flamengo um Milan e do Corinthians um Barcelona.

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