São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996 |
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Dédalo de letras
RICARDO ARAÚJO
Por isso, o suporte de leitura "Campo da Amérika" insiste nos aforismas, nas máximas, nas repetições, no ilogicismo dadaísta, em suposições surrealistas e em ilações absurdas ou antitéticas entre o popular e o erudito. Uma coisa é certa: "Campo da Amérika" possibilita uma leitura participativa do leitor. É como se o autor estivesse jogando palavras estruturadas em frases, para o leitor extrair dessa "selva selvaggia" sintagmática o valor isolado do significante e logo estruturá-lo em uma nova composição frásica. Portanto estes "fragmentóticos", quase "mosaicais", que mallarmeanamente aparecem nesse "campo de experimentação", como "água de rio no seu curso indo" ("riverrun", vico-joyce) rompem "seus sentidos" em "constelação de sons", construindo um livro que "só teria título": "concreção". Quase nos termos de João Cabral: "Concreção de fatos num estômago vazio". Mas sempre vai existir o "academicismo e conservadorismo", os chatoboys, ou chatofísicos, para os quais, como dizia Mateus: não se deve "atirar pedras (sic)!" P.S: o leitor de "Campo da Amérika" não deve esperar algo difícil, mas, também, não deve jogar todas as fichas na facilidade. O texto, na verdade, é um alucinante exercício feito por uma espécie de rábula pós-moderno, que não tem compromisso algum com a coerência, mas sim com as palavras a "palo seco": quase um sentido antes mesmo do sentido. E nunca é demais esquecer o ensinamento de Jó: "Feliz o homem que é corrigido". Texto Anterior: Visões pós-utópicas do paraíso Próximo Texto: Abstrato, figurativo e assim por diante Índice |
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