São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Americanos não confiam em Perot

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O empresário Ross Perot parecia ser capaz de quebrar a hegemonia democrata-republicana da política dos EUA em junho de 1992, quando estava à frente de George Bush e Bill Clinton em todas as pesquisas de intenção de voto.
Mas aí, numa decisão até agora pouco explicada, Perot desistiu de sua candidatura, alegando estar sendo vítima de um complô para desmoralizá-lo.
O casamento de uma de suas cinco filhas, marcado para julho, seria prejudicado por esta maquinação, acusou Perot, sem mostrar provas.
Meses depois, ele voltou a se candidatar. Participou dos debates televisados, recebeu 19% dos votos e prometeu continuar na política.
Agora, aos 66 anos, não consegue passar dos 6% das intenções de voto, e a opinião da maioria dos norte-americanos é de que ele não tem uma personalidade confiável.
Perot gastou estimados US$ 72 milhões em sua campanha em 1992. Nos quatro anos seguintes, investiu mais cerca de US$ 30 milhões para formar o Partido da Reforma em todo o país.
Ex-oficial da Marinha e vendedor da IBM, Perot ficou rico com a empresa de informática EDS, que ele fundou em 1962 com capital de US$ 1.000 e vendeu à General Motors em 1984 por US$ 2,4 bilhões.
O ideário político de Perot e de seu partido se baseia na necessidade de se administrar o país como se fosse uma empresa particular.
Perot é conservador em economia, se opõe à formação de blocos comerciais como o Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre Comércio) e à participação dos Estados Unidos em entidades internacionais como a OMC (Organização Mundial do Comércio).
Anônimo
Sua votação em 1992 provavelmente elegeu Bill Clinton, já que a maioria absoluta dos seus eleitores, decepcionados com a situação econômica do país, desertaram do Partido Republicano.
O companheiro de chapa de Perot é o economista Pat Choate, um anônimo para a maioria absoluta do país até ter sido pinçado por Perot para a campanha deste ano.
Choate, 55, escreveu um livro contra o Nafta e fez parte da assessoria econômica do presidente Gerald Ford (1974-1977).
Antes de se definir por Choate, Perot consultou outras pessoas para acompanhá-lo na campanha, entre elas os ex-senadores Warren Rudman e David Boren, que recusaram o convite.
(CELS)

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