São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Ato nos EUA marca radicalização latina

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Dezenas de milhares de latino-americanos se preparavam ontem para um marcha em Washington. A manifestação seria um protesto pela crescente discriminação contra os latinos nos EUA e marca uma radicalização política da comunidade no país.
"Esta é a única forma de conquistarmos a quota de poder que merecemos, política e economicamente", diz o advogado Juan José Gutierrez, 39, de Los Angeles, um dos líderes da manifestação.
"Até agora, tudo o que recebemos foi desprezo, ainda que a maioria de nossos homens e mulheres trabalhe, às vezes em dois empregos, e pague seus impostos", disse.
A avaliação entre observadores é que os líderes latinos mais jovens são mais engajados que seus antecessores e, portanto, têm maiores ambições políticas mesmo em nível nacional.
Eles reivindicam, por exemplo, que o salário mínimo seja fixado em US$ 7 por hora, educação gratuita do jardim da infância à universidade e anistia para imigrantes ilegais que tenham entrado nos EUA antes de 1992.
A movimentação latino-americana nos EUA é, de certa forma, uma reação à onda conservadora americana. Um dos fatores que a iniciou foi a Proposição (projeto de lei) 187, na Califórnia, que negava o acesso a serviços públicos aos imigrantes ilegais e seus filhos.
Desde então, as entidades hispânicas têm feito campanha para que os imigrantes se naturalizem e conquistem direito a voto.
A idéia da manifestação de ontem era ressaltar a presença da cultura latina nos EUA. Para isso, os organizadores previam a apresentação de vários grupos musicais típicos entre os oradores e esperavam 500 mil pessoas.
O percurso da marcha passava por alguns dos principais pontos da capital norte-americana, terminando junto à Casa Branca.
Nesse ponto, a comunidade hispânica trava de certa forma uma disputa com os negros pelo privilégio de ser a minoria mais importante do país. Em outubro, o líder negro Louis Farrakhan convocou a sua Marcha de 1 Milhão de Homens na cidade, um dos maiores atos da história de Washington.
A data da marcha de ontem coincidiu com o 504º aniversário do descobrimento da América. Segundo o censo dos EUA, os hispânicos são 25,1 milhões de pessoas -9,7% do total.
Esse número deve chegar a 51,2 milhões em 2020 -15,7% da população nacional. Nessa época, os Estados Unidos serão o segundo maior país de língua espanhola do mundo em população, perdendo apenas para o México.

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