São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Cerca elétrica vai separar Kuait do Iraque

WILSON SILVEIRA
ENVIADO ESPECIAL AO KUAIT

O governo do Kuait pretende começar a construir ainda neste ano uma cerca eletrificada ao longo de toda a sua fronteira com o Iraque (210 km de deserto). Hoje, os dois países são separados por um fosso de três metros de largura por dois de profundidade e um muro de areia de dois metros de altura.
O governo kuaitiano mandou construir esse fosso depois da expulsão dos iraquianos do Kuait, em 26 de fevereiro de 1991. O fosso foi concluído três anos depois.
A nova barreira disporá de câmaras, sensores e postos de vigilância -como o Muro de Berlim, derrubado em 1989- que se destinam a impedir a passagem de qualquer pessoa a não ser pelo posto de fronteira, que está fechado desde a Guerra do Golfo.
Para evitar que viajantes desavisados morram eletrocutados, serão construídas duas cercas de arame nos dois lados da barreira.
O espaço aéreo do Kuait já é protegido por zonas de exclusão aérea que vigoram no Iraque. A zona de exclusão do sul do país vai desde as proximidades de Bagdá (capital) até a fronteira kuaitiana.
A fronteira
A fronteira do Kuait com o Iraque hoje é controlada pela Unikom, uma missão de observação da ONU (Organização das Nações Unidas), que administra uma faixa de 5 km do território kuaitiano e 10 km do território iraquiano.
A Folha foi até o posto da fronteira, que fica antes da faixa controlada pela ONU. Não obteve autorização para ir adiante.
Um único soldado iraquiano, chamado Saad Abdul Al-Massen, cuidava do posto, próximo à localidade iraquiana de Safuan.
Há na região cerca de 3.500 soldados norte-americanos, enviados no mês passado depois que os EUA bombardearam o Iraque em represália à tomada da cidade de Arbil por facções curdas apoiadas por Saddam Hussein.
Indagado sobre a localização das tropas americanas, o soldado Al-Massen disse, rindo: "Que americanos? Não vi nenhum". Depois, disse que deveriam estar mais ao leste.
Abandono
A única rodovia do Kuait que leva ao Iraque está hoje praticamente abandonada. É usada apenas por veículos militares.
No caminho do Iraque ainda há uma série de vestígios da guerra -bunkers iraquianos destruídos, um "cemitério" de tanques de guerra e veículos militares iraquianos, casas destruídas etc.

O jornalista Wilson Silveira viajou a convite da Embaixada do Kuait em Brasília

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