São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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CORRIDA CONTRA O TEMPO

Entre os problemas que a população da cidade de São Paulo enfrenta, a habitação popular mostra-se como um dos mais difíceis de solucionar.
As propostas apresentadas pelas duas últimas administrações da cidade para o setor -mutirões, na gestão Luiza Erundina, e Cingapura, na gestão Paulo Maluf- não obtiveram o resultado anunciado por seus mentores. O ritmo da implantação e o número de beneficiados perdem em muito para o aumento do número de favelados na capital paulista.
Segundo estimativa da prefeitura feita três anos atrás, há 1,93 milhão de favelados na cidade de São Paulo, número que tem mantido uma tendência de crescimento. Erundina construiu 28,4 mil moradias para famílias de baixa renda. A administração Maluf promete, até o fim do governo, entregar 19,9 mil. Números que pouco aliviam a situação dos paulistanos favelados.
As propostas das duas últimas gestões têm vantagens e desvantagens. O Cingapura aparece como alternativa para favelas em regiões centrais por sua filosofia de verticalização, mas peca pelo alto custo. O mutirão é apontado por técnicos como opção mais barata, mas sua aplicação demonstrou ser lenta -apenas 1.406 moradias, 12% das iniciadas, feitas sob essa filosofia foram entregues ao final da administração petista.
Não se trata de optar entre um projeto e outro, já que ambos podem se complementar e ser aplicados a regiões de características diferentes. A questão é principalmente de investimento. Com apenas 3% do orçamento municipal reservado pelos governos Erundina e Maluf para a área, a solução continua distante.
É preciso unir diversas experiências aproveitando suas principais qualidades e aumentar significativamente os investimentos no setor. Sem recursos, os programas vão sempre perder a corrida contra o tempo.

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