São Paulo, domingo, 13 de outubro de 1996
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Fevereiro

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Segundo mês do calendário, fevereiro sempre foi no Brasil sinônimo de que o ano está para começar. Para o presidente Fernando Henrique Cardoso, fevereiro de 97 terá uma conotação diferente. Será o fim de uma longa espera.
Blefe ou não, FHC tem dito a seus aliados mais próximos que só pretende aguardar pela aprovação da emenda da reeleição até fevereiro.
Até o mês do Carnaval o presidente espera que o Congresso dê um rumo definitivo para a reeleição. Deputados e senadores podem não ter dado a aprovação definitiva. Mas a emenda tem de estar bem encaminhada. Por exemplo, aprovada na Câmara e pronta para ir ao Senado.
Aí é que entra a jogada palaciana. Se em fevereiro a reeleição estiver entranhada no marasmo atual, o presidente diz reservadamente que pretende dar uma banana para o Congresso.
FHC anuncia para os aliados que não quer "ficar refém da reeleição", fazendo o jogo que lhe tenta impingir o prefeito Paulo Maluf.
Fevereiro passando e nada de reeleição, FHC diz que será o presidente que muitos acham que ele seria quando tomou posse em janeiro de 95. Vai demitir de cinco a dez ministros. E nomeará gente de sua confiança. Sem pensar muito em filiações partidárias.
Com isso, o presidente acha que fará um governo excepcional em 97. Vai continuar a baixar a inflação. Venderá estatais e os cofres públicos engordarão em US$ 10 bilhões. Empresas estrangeiras vão finalmente realizar os investimentos anunciados.
Com tudo andando a mil maravilhas, o presidente vai manobrar para que o tema da reeleição volte à pauta política no final de 97 ou início de 98.
Daí, imagina FHC, sua popularidade estaria estourando. O Congresso ficaria sem saída. Poderiam até propor um plebiscito. Seria como uma eleição antecipada. A reeleição estaria garantida, na visão fernandohenriquista.
Pode ser mais um balão de ensaio. Ou não. Em fevereiro saberemos.

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