São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996
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Fevereiro é nova data-chave da reeleição

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Fevereiro de 97 se transformou na nova data-chave para a emenda da reeleição.
Por causa das eleições para as presidências da Câmara e do Senado, que ocorrem na primeira semana de fevereiro, as lideranças no Congresso avaliam que nada de relevância será votado antes disso.
No Palácio do Planalto, o presidente Fernando Henrique Cardoso determinou que fevereiro seja o prazo final para que a emenda da reeleição esteja aprovada ou pelo menos bem encaminhada.
A intenção de FHC e de seus aliados era instalar a comissão especial que analisaria a emenda da reeleição na Câmara nesta semana.
Tiveram que adiar, pelo menos, para o dia 29. O PPB pediu tempo para fazer uma consulta a seus dirigentes. A finalidade é formalizar uma permissão para indicar os membros do partido que vão integrar a comissão especial.
O governo também desejava votar a emenda da reeleição no âmbito da comissão especial antes do final do ano. Isso não será possível. PPB e PMDB querem que essa votação ocorra só em janeiro.
Agora, de forma reservada, líderes de todos os partidos avaliam que a votação na comissão especial acontecerá, na melhor das hipóteses, no final de janeiro.
Janeiro será o mês de grandes articulações sobre as presidências da Câmara e do Senado. Isso deve retardar outras votações.
Se tudo der certo, a emenda estaria pronta para votação no plenário da Câmara em fevereiro. Trata-se de um mês difícil, por causa dos feriados de Carnaval.
Prazo de FHC
Para seus assessores mais próximos, o presidente tem dito que considera fevereiro a data máxima para saber se a emenda da reeleição será ou não aprovada.
Depois disso, FHC tem dito que vai ter que tocar o governo. Sem a reeleição e sem outras reformas constitucionais. Vai promover medidas menos complexas, que dependam apenas de maioria simples no Congresso -como o pacote de cortes de sexta-feira.
FHC está convencido de que é possível fazer uma boa administração sem mais reformas constitucionais. Embora considere necessário mexer mais na Constituição para os governos seguintes.
No caso de o Congresso dificultar as reformas, e a reeleição, o presidente disse para aliados que não faria mais grandes esforços para agradar deputados e senadores a partir do final de fevereiro.
Também, depois do mês de fevereiro, FHC disse que vai se sentir desobrigado de contentar tantos partidos nos ministérios. Vai fazer uma reforma ministerial sem pensar na base de apoio parlamentar que tem hoje.
Sem desdenhar o apoio do PFL, um aliado de primeira hora, FHC pode trocar entre cinco (na previsão mais comedida) e dez ministros (nas estimativas mais arrojadas), segundo a Folha apurou.
Seriam nomeadas pessoas da inteira confiança do presidente. E, como FHC costuma dizer, com capacidade de operação.
Reeleição só em 98
A estratégia de FHC é fazer um bom governo em 97. Aprofundar a estabilização da economia, reduzindo ainda mais a inflação.
O ano 97, no entender do presidente, será o de reduzir o tamanho do Estado, com privatizações rendendo até US$ 10 bilhões para os cofres federais.
Além disso, 97 será o ano em que várias empresas multinacionais estrangeiras estarão consolidando os seus investimentos produtivos no Brasil -anunciados ao longo dos últimos meses.
Com tudo isso, o presidente acha que chegará ao final de 97 com a popularidade em alta. Então o tema da reeleição poderia voltar à pauta do Congresso.
Embora seja pessoalmente contrário ao plebiscito, FHC avalia que essa pode ser uma possibilidade no início de 98. Isso forçaria o Congresso a modificar a Constituição e lhe permitir disputar um segundo mandato presidencial.

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