São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996 |
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Marsalis exibe jazz de baixos teores
CARLOS CALADO
Exemplo de jazzista "low profile", o patriarca da família musical mais famosa de Nova Orleans tocou seu piano com o máximo de discrição e economia sonora. Sempre contido, alternou composições próprias a "standards" jazzísticos, como "Django" (de John Lewis, do Modern Jazz Quartet) e "Surrey with the Fringe on Top" (Rodgers & Hammerstein). Não deixou também de prestar a inevitável homenagem à música brasileira, revisitando dois clássicos da bossa nova: "Meditação" e "Corcovado" (de Tom Jobim). Mas foi em uma quase etérea versão de "Round About Midnight" (do pianista Thelonious Monk), que Marsalis estampou com mais clareza seu estilo. Em vez de acentuar os dissonantes ângulos harmônico-melódicos de Monk (como Carter certamente faria), o velho Marsalis prefere suavizar contrastes e eliminar qualquer recurso mais dramático. Em outras palavras, exibiu um jazz de baixos teores, que deliciou boa parte da platéia que o acompanhou até 2h55 de sábado, na esfumaçada sala Club. Mais animada foi a apresentação de Edu Lobo, que abriu a noite, acompanhado por uma seleção de feras da música instrumental do Rio de Janeiro, como Marco Pereira (violão), Carlos Malta (sopros), Cristovão Bastos (piano) e Pascoal Meireles (bateria). O cantor e compositor fez uma síntese de sua carreira, lembrando sucessos como "Memórias de Marta Saré", "Ponteio" e "Pra Dizer Adeus", além de homenagear dois de seus parceiros: Tom Jobim e Chico Buarque. Também não faltaram, no repertório do show, o baião instrumental "Zanzibar" e a canção "A História de Lily Braun" (com primorosa letra de Chico Buarque). Ambos são exemplos flagrantes da influência jazzística que Edu assimilou, assim como vários outros músicos da bossa nova. Foi mais uma noite em que o jazz e a MPB conviveram com harmonia e afinidade. Texto Anterior: Saxofonista James Carter racha platéia Próximo Texto: Incognito e James Taylor Quartet fazem shows com pouco impacto Índice |
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