São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 1996
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Sarney, o PMDB e a reeleição

VALDO CRUZ

Brasília - Maior partido do Congresso, o PMDB é peça fundamental na operação do governo Fernando Henrique Cardoso para aprovar a reeleição.
A grande dúvida no governo é o comportamento do presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP). Ele lidera uma parcela importante do partido e, além disso, é sempre citado como um candidato em potencial à sucessão de FHC.
Pois bem, nos últimos dias o ex-presidente tem discutido reservadamente com amigos qual o melhor caminho para o PMDB daqui para frente.
A conclusão, até agora, é que o partido não tem outra saída a não ser apoiar a reeleição de FHC.
Em suas conversas de bastidores, Sarney não deixa de lembrar que algumas lideranças peemedebistas já trabalham abertamente pelo principal projeto político de FHC.
O ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) e o governador Antônio Britto (RS), por exemplo, são dois peemedebistas engajados no esquema presidencial.
Já os opositores declarados de FHC estão sem cacife. O ex-governador Orestes Quércia (SP) é visto como uma liderança em declínio final.
E o atual presidente do partido, Paes de Andrade, enfrentará sérias dificuldades para conseguir a presidência da Câmara, seu maior desejo.
Sarney já chegou até a confidenciar a aliados que, logo depois de deixar a presidência do Congresso, sairá de licença por quatro meses para terminar mais um livro.
Nesse caso, pode ficar fora do Congresso exatamente no momento em que a reeleição estiver em votação.
Ao ser lembrado disso numa conversa com amigos, Sarney respondeu: "É, aí vocês estão me colocando um problema. Mas eu já estou velho demais para querer consertar o mundo".
Agora, é esperar 97. Se o senador estiver no Maranhão finalizando seu novo livro, FHC vai agradecer.
Mas o Palácio do Planalto não deve contar com tanta gentileza. Sarney deve acabar escrevendo pelo menos um capítulo em Brasília.

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