São Paulo, terça-feira, 15 de outubro de 1996
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Mercado dobra até 1997, prevê Bovespa

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a queda gradual dos juros e a retomada dos investimentos diretos pelas empresas, o mercado de ações no país deve dobrar de tamanho até o final do ano que vem.
A previsão é de Alfredo Rizkallah, presidente da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
Se a bola de cristal do veterano corretor estiver certa, o volume diário de negócios na Bovespa deve passar dos atuais R$ 300 milhões a R$ 400 milhões para até R$ 800 milhões até o final de 1997.
Na prática, isso significa que mais empresas de capital aberto poderão buscar recursos baratos nas Bolsas, por meio da emissão de novas ações.
"Os juros em queda estão causando uma migração do dinheiro aplicado em títulos de renda fixa. Os investidores, como os fundos de pensão, estão crescendo e buscando aplicações mais rentáveis", afirmou Rizkallah.
"Como se espera que o país retome o crescimento em 1997, as empresas pagarão mais dividendos e as Bolsas atrairão os recursos das aplicações em taxas de juros."
Capacidade ampliada
O otimismo do presidente da Bolsa paulista não é apenas retórico. Para arrumar a casa e prepará-la para o aumento previsto do mercado, ele assinou, na sexta-feira passada, acordo tecnológico com a Bolsa de Paris.
Pelo acordo, a Bovespa comprará, por R$ 20 milhões, um pacote de sistemas de software desenvolvidos pelos franceses que multiplicam por seis a capacidade de negociação diária de ações no mercado paulista.
Além disso, aumentará o número de estratégias possíveis de negociação.
'Estamos olhando para o ano 2000", justificou Rizkallah.
Ao modernizar os seus sistemas de negociações, a Bovespa irá abrir caminho para o crescimento das transações eletrônicas (sem a participação do corretor, no pregão por viva voz), hoje responsáveis por apenas 15% a 20% das ordens de compra e venda.
Operador eletrônico
Para isso, será criado um "operador eletrônico": pelo seu próprio computador, os clientes (investidores) poderão comprar e vender papéis de casa ou do escritório. Os negócios sempre passarão pelas corretoras, que são responsáveis pela liquidação das operações junto à Bolsa.
Na Bolsa de Paris, 100% das transações no mercado à vista são feitas por meio eletrônico. Em Madri (Espanha), o índice é de 98%.
Se já fazem compras de alimentos, roupas e outros objetos e falam com os bancos por computador, os consumidores europeus acham natural comprar ações por meios eletrônicos. O mesmo deverá ocorrer no Brasil, prevê o presidente da Bovespa.
A vantagem desse mecanismo é permitir a negociação de pequenos lotes, que facilita a entrada de investidores de menor porte.
"As ordens eletrônicas custam menos. Como apostamos na popularização das Bolsas, estamos viabilizando as negociações por esse meio", disse Rizkallah.
Ele não acha que os operadores de pregão, com isso, estejam ameaçados de desemprego. A cultura de viva voz, argumentou, é muito forte no país e deverá continuar. Mas o crescimento do mercado de ações será maior no pregão eletrônico, afirmou.

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