São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 1996
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PETISTAS E PETISTAS

O segundo turno para eleições majoritárias passou a ser utilizado a partir do pleito de 89 como forma de aprimorar o exercício da democracia no país. Pela medida, para que tenha maior respaldo junto à sociedade o candidato vencedor deve se submeter a uma segunda votação se não conseguir o voto da maioria -na prática, 50% mais um dos votos válidos.
Com apenas dois candidatos -os mais votados no primeiro turno-, a segunda votação é a chance de o eleitor se posicionar em relação às duas propostas de maior representatividade e de os candidatos derrotados se aproximarem -não necessariamente em alianças- da plataforma com a qual se identificam mais. Ou seja, o segundo turno deveria ampliar e não restringir o debate político.
Dentro dessa filosofia, é no mínimo estranha a decisão tomada pelo Partido dos Trabalhadores do Rio de Janeiro de pregar o voto nulo no segundo turno do pleito carioca.
No primeiro turno, o candidato petista levou sua proposta aos eleitores e foi derrotado por dois outros pleiteantes, do PFL e do PSDB. Se não se identifica de forma alguma com nenhum dos dois vencedores, o mais adequado seria o PT abster-se de qualquer discussão e deixar que a população carioca decida entre as duas plataformas que obtiveram os melhores índices no primeiro turno.
Em São Paulo, onde o PT conquistou o direito de participar da segunda fase da eleição, o partido não só se mostra aberto a alianças como demonstra uma grande expectativa por uma posição oficial a seu favor do PSDB, uma das legendas que, no Rio de Janeiro, o PT rejeitou.
Certos estão os petistas de São Paulo, errados estão os do Rio. Pregar o voto nulo apenas porque seu candidato não está entre os finalistas é uma forma de negar a jovem democracia brasileira. Democracia que, dada a proliferação excessiva de partidos, exige discussões, debates, aproximação em torno de programas e idéias e, principalmente, respeito à decisão da maioria.

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