São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 1996
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Sucessão no Senado

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A disputa pela presidência do Senado está completamente indefinida. A eleição será realizada na primeira semana de fevereiro de 97, junto com a da Câmara.
Antonio Carlos Magalhães, um dos mais experientes parlamentares do país, quer presidir o Senado. Seu partido, o PFL, tem a segunda maior bancada da Casa. Perde para o PMDB.
É tradição no Congresso que os dois maiores partidos dividam as duas Casas. No caso, hoje o PMDB está com a presidência do Senado. O PFL preside a Câmara.
Para ACM conseguir realizar seu sonho precisa aumentar a bancada do PFL no Senado. E convencer o candidato pefelista a presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira, a abrir mão em favor do PMDB.
ACM já começou o trabalho de arregimentação de senadores. Pelo menos três ou quatro irão mesmo para o PFL. Dois que já estão quase certos são Gilberto Miranda (PMDB-AM) e Romeu Tuma (PSL-SP).
No PMDB haverá um levante. Em conversas reservadas, José Sarney (PMDB-AP), atual presidente do Senado, diz que esse "aumento artificial da bancada do PFL é inaceitável".
Sarney acha que "será muito difícil" ACM ter seus planos barrados. Mas muita coisa pode ser feita para atrapalhar. E assim será.
Sarney sabe que algum agrado ao senador Gilberto Miranda poderia reverter uma das perdas do PMDB.
"Não sei como reagiria a um pedido para ficar no partido. Mas isso não foi feito. Hoje, as chances de eu sair e ir para o PFL são de 99,99%", diz Miranda -deixando uma estratégica fresta percentual pela qual poderia retornar para o PMDB.
O PMDB também joga com uma coisa mais poderosa do que a força de ACM. Trata-se do desejo de FHC.
Seria mais cômodo para FHC ter no Senado alguém com o temperamento menos explosivo que o de ACM. Por exemplo, o senador Iris Rezende (PMDB-GO) -de quem pouco se fala, mas que trabalha de forma intensiva para substituir Sarney.

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