São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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Temer se fortalece em disputa no PMDB

MARTA SALOMON; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A disputa pela presidência da Câmara teve ontem um lance decisivo: a bancada do PMDB decidiu indicar um candidato único logo depois do segundo turno das eleições municipais. Isso fortalece a candidatura do líder Michel Temer (SP) e praticamente barra, no curto prazo, seus concorrentes.
A primeira crítica à decisão foi do presidente do PMDB, Paes de Andrade, que insiste em disputar o cargo no plenário da Câmara. "Querem me engessar", disse o deputado, que acusa Temer de ser o candidato do "poder oficial".
Temer diz que tem uma "relação cordial" com o presidente Fernando Henrique Cardoso, apóia a proposta de reeleição, mas recusa o título de candidato do Planalto ao cargo. "Sou independente e meu lema é justamente a harmonia e a independência entre os Poderes."
A prévia do PMDB está marcada para o dia 27 de novembro, mais de dois meses antes da eleição do sucessor do deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), marcada para 1º de fevereiro. Ganha a eleição na Câmara quem tiver a maioria dos votos no plenário.
Além de ser o substituto eventual do presidente da República, na hipótese de o vice não poder ocupar interinamente o Planalto, o presidente da Câmara ocupa um dos cargos mais importantes da República. Cabe a ele comandar a votação de leis e da reforma na Constituição, em parceria com o presidente do Senado.
A convocação da prévia foi aprovada simbolicamente ontem por 78 dos 103 deputados do bloco que reúne PMDB, PSC, PSD e PSL.
Segundo um acordo selado em janeiro de 95, a presidência da Câmara seria ocupada em 97 e 98 por um deputado do PMDB, num revezamento entre os dois maiores partidos da Casa (PFL e PMDB).
O acordo, conduzido pelo atual presidente Luís Eduardo, está vinculado à indicação de um candidato único do PMDB. Mantido o acordo, a decisão de uma prévia também barraria a candidatura de Inocêncio Oliveira, do PFL-PE.
A data escolhida para a prévia também bloqueia a eventual candidatura do ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos). Ele teria de deixar a pasta até 22 de novembro e reassumir o mandato de deputado para disputar ao cargo.
Apesar da decisão dos deputados do PMDB, a bancada do partido no Senado não abre mão de disputar a sucessão do senador José Sarney (PMDB-AP), informou o líder Jader Barbalho (PA).
A presidência da Casa é disputada também por Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que se julga fortalecido com uma eventual decisão pró-Temer na Câmara.
O deputado Paes de Andrade passou mal ontem e vai se internar hoje no hospital Albert Einstein, em São Paulo, para fazer um check-up completo.
(MS e FR)

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