São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Ratto, 80, debate juventude e velhice
ERIKA SALLUM
O texto, do autor italiano Renato Gabrielli, relata a história do filósofo inglês Thomas More (1478-1535), chanceler do rei Henrique 8º. O monarca decide se separar da esposa, Catarina de Aragão, para se casar com Ana Bolena. More não concorda com a situação, que resultaria em um rompimento com a igreja. Por conta disso, é condenado à morte. "Ele é decapitado porque segue seus valores até o fim. Esse é o grande tema da peça: saber defender suas opiniões", afirma Ratto. A montagem, segundo o diretor, possui outras temáticas, como a religiosidade e a relação entre juventude e velhice. Dois atores interpretam More, um quando jovem e outro, velho. Há uma cena em que os dois se encontram e travam uma espécie de monólogo: "Nesse momento, o jovem antecipa seu futuro e o velho reexamina seu passado". Alice Uma personagem central atravessa toda a peça: Alice, viúva de More, que tenta entender as razões que levaram seu marido a ser assassinado. Essa mulher, "medíocre e simples", vai reconstituindo a saga do filósofo. No final, ela recebe do carrasco de seu amado uma moeda de ouro, que, nas palavras do diretor, simboliza a verdade. "Esse ato significa que ela compreendeu os motivos de More." Apesar da histórica trágica, "Morus e Seu Carrasco" tem momentos hilariantes, em que se alternam farsa, comédia e filosofia. "Existe um mundo cômico em cena, representado por personagens marginais, que, sem visão crítica e moral, só se preocupam com seu dia-a-dia", afirma Ratto. Jogos teatrais O diretor destaca que o público não deve ir ver o espetáculo esperando encontrar no palco uma história com começo, meio e fim. "É um jogo teatral. A platéia tem de ser levada por ele, viajar junto com os personagens", diz, acrescentando que, em sua montagem, "não há estrutura cronológica, mas sim uma visão crítica dos acontecimentos". Trabalhando, em média, 15 horas por dia, Gianni Ratto -que dedicou cerca de 50 anos ao teatro- já tem planos para os próximos meses. Em novembro, a editora Hucitec deve lançar um livro de sua autoria. "Escrevi sobre teatro, animais e minha vida", revela o diretor, que chegou ao Brasil em 1954, a convite da atriz Maria Della Costa. Para o ano que vem, pretende publicar um outro livro, desta vez sobre cenografia. (ES) Peça: Morus e Seu Carrasco Direção: Gianni Ratto Com: Graziella Moreto, Ariel Moshe, Lara Córdula Onde: teatro Ruth Escobar (r. dos Ingleses, 209, Bela Vista, tel. 011/289-2358) Quando: quinta a sábado, às 21h; domingo, às 19h Quanto: R$ 20 e R$ 25 (sábado) Texto Anterior: Frateschi faz declaração de amor Próximo Texto: 'Coisa Muito Louca' é comédia muito normal Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |