São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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INFLAÇÃO ZERO

Os índices de inflação -Fipe, IBGE e outros- convergem a zero. O que já foi meta tão grandiosa quanto frustrada torna-se realidade cotidiana, que nem merece destaque nas primeiras páginas dos jornais.
Até as autoridades econômicas, que há alguns meses insistiam que a inflação baixa era uma conquista rara a ser preservada a qualquer custo, abandonaram esse discurso, endossando implicitamente a percepção de que a inflação deixou de ser um problema de primeira ordem.
Mas nem por isso é possível dizer que o governo abandonou uma política ativa de contenção dos preços.
Em primeiro lugar, como sublinhou o ministro Pedro Malan, na semana passada, a desindexação continua. Avança, agora, com o anúncio formal de que não só as tarifas públicas estão desindexadas como também fica eliminada a anualidade dos reajustes. A regra de promover correções salariais no setor público segundo uma previsão de inflação e não por meio da reposição da inflação passada reforça essa estratégia.
Resta saber se o governo terá a disposição e a habilidade para promover modificações em outras diretrizes de política econômica que, ao menos em tese, tornam-se menos cruciais com o progressivo abandono da cultura inflacionária.
Acima de tudo, trata-se de promover uma redução mais ousada nas taxas de juros. Essa seria a verdadeira "prova dos noves" não apenas das expectativas com relação à inflação, mas da capacidade de o governo financiar o déficit em suas contas sob condições menos escorchantes.

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