São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 1996
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ETERNO DESCASO

De um lado, trabalhadores ferroviários alegando falta de segurança no sistema de trens da Grande São Paulo. De outro, o governo paulista criticando a atitude dos ferroviários. No meio, sem opções dignas de transporte, os passageiros, prejudicados pela lentidão do serviço.
Esse foi o quadro que levou às lamentáveis -e injustificáveis- cenas de depredação, pelos próprios usuários, de vagões e estações de trem na região norte da Grande São Paulo na última segunda-feira. Terceira manifestação dessa natureza em 15 dias, o incidente é retrato do completo abandono a que foi relegado o transporte público paulista.
São Paulo é apenas um exemplo da gravidade do problema. Da ineficiência de grande parte dos portos do país às linhas escassas das malhas ferroviárias, o setor de transportes brasileiro tem sido, com raras exceções, objeto de duras críticas.
Não por acaso o tema foi destaque nas campanhas dos candidatos à prefeitura da capital paulista -incluindo sugestões de eficiência duvidosa e promessas próximas do irrealizável. Os que hoje vendem fórmulas mágicas para o transporte público de São Paulo já ocuparam cargos em diferentes esferas de governo e não ofereceram soluções concretas.
Além de não terem colocado em operação alternativas que permitissem à população praticar o seu direito de ir e vir, não tiveram a capacidade de estabelecer um diálogo mínimo entre os governos federal, estadual e municipal para criar um programa amplo. Os atrasos e as depredações continuarão se cidades do porte de São Paulo não tiverem um plano geral que garanta um sistema eficiente de transporte público. Fórmulas mágicas não vão recuperar o caótico quadro atual, causado por décadas de descaso.

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