São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Suspensa a entrega de preservativo

Entidades não dão camisinha reprovada

OSCAR RÖCKER NETTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A distribuição de preservativos foi suspensa ontem por algumas das principais ONGs (organizações não-governamentais) que trabalham com prevenção de Aids em São Paulo.
O motivo foi o teste realizado pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que reprovou o uso de três marcas distribuídas pelo Ministério da Saúde às entidades, por meio das secretarias de Saúde.
O Grupo pela Vidda tem hoje um estoque de 19 mil preservativos. O diretor da ONG, Mário Scheffer, 29, suspendeu a distribuição que normalmente é feita para homossexuais, travestis, prostitutas, michês e adolescentes.
O grupo distribui em média 13 mil preservativos por mês, recebidos da Secretaria da Saúde de SP.
O GIV (Grupo de Incentivo à Vida) também suspendeu a distribuição. Ele receberia um novo lote, com 2.500 preservativos, esta semana. "Só receberemos se tiver garantia de prevenção", disse o presidente da entidade, Eduardo Luiz Barbosa. O GIV distribui cerca de 2.000 preservativos por mês.
O Gapa (Grupo de Apoio e Prevenção à Aids) não tinha distribuição prevista para ontem e aguarda orientação da Secretaria da Saúde para decidir se interrompe o fornecimento à população.
O Gapa tem 5.000 preservativos no estoque e já distribuiu cerca de 12 mil dos que apresentaram problema no teste.
"O mais grave é que já distribuímos um grande volume e para a população mais exposta ao risco", disse Scheffer, que distribuiu cerca de 22 mil preservativos do último lote recebido da secretaria.
Inmetro
O presidente do Inmetro (instituto de metrologia), Julio Bueno, disse que os testes do Idec e do seu instituto são tecnicamente iguais.
A diferença é que o Idec utilizou produtos à venda, e o Inmetro testa produtos recém-saídos da fábrica ou recém-chegados ao país.
Ambos utilizam a mesma norma internacional de base (ISO 4074), que não estabelece em que prazo deve ser testado o produto, segundo ele. "Ninguém conhecia esse problema", diz, referindo-se à perda de qualidade do preservativo com o passar do tempo. "É um avanço da tecnologia."

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