São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Paulistano descobre ostras do Itaguaré

EITAN ROSENTHAL
ESPECIAL PARA A FOLHA

A caminho do litoral norte de São Paulo, no município de Bertioga, próximo à Riviera de São Lourenço, à beira da estrada de São Sebastião, desenvolve-se, graças à excelente qualidade das suas ostras de pedra, a colônia de ostricultores do rio Itaguaré, com suas barracas de degustação.
A boa ostra precisa, para crescer saudável e gostosa, de água salobra limpa. O rio Itaguaré, que nasce na serra do Mar e não corta cidade, indústria ou lavoura, reúne essas condições. A água doce recebe a marítima nas altas da maré, gerando teor de sal adequado.
Uma das sete barracas do núcleo é explorada pela família de Artidônio Ramos Fortes, o "Catarina". Há oito anos, ele veio de Santa Catarina para o litoral paulista, onde hoje mergulha com o filho no Itaguaré em busca das ostras, que são servidas no local por sua mulher.
"Ostra tem que ser fresca e sarada", ensina Fortes a quem ainda reluta em prová-las cruas. A ostra deve estar viva ao ser aberta. Se está viva, apresenta resistência a ser aberta, e solta bastante água.
A madrepérola, parte interna das conchas, deve ter uma cor branca uniforme, livre de manchas e "cicatrizes", como prova de estar "sarada", na plenitude do sabor.
Se levadas para casa, como fazem os frequentadores Chico Anysio e Antonio Ermírio de Moraes, devem ser mantidas fora da geladeira, cobertas com um pano úmido, por 3 dias ou até um pouco mais.
Além de gostosas, as ostras carregam uma fama antiga de afrodisíacas. Diz-se que Casanova, célebre por suas conquistas amorosas, consumia pelo menos quatro dúzias todas as noites.
Essa qualidade provém da altíssima concentração de proteínas no molusco, além de vitaminas e sais minerais. Comer ostras não engorda: são menos de 7 calorias para cada 100 gramas de carne.
Nos picos de movimento da região, cada barraca chega a vender 60 dúzias de ostras, cujos preços variam de R$ 3 a R$ 18 a dúzia.
Os ostricultores recorrem também à produção de Cananéia, de onde vem as ostras de mangue, para suprir a demanda.
A produção está longe de seu pleno potencial econômico. Em Arcachon, capital francesa da ostra, são produzidas cerca de 14 toneladas por ano, que são apenas 10% da produção total do país.

E-mail: eitan@trattoria.com

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