São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Luís Pato traz novos Bairrada

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com o objetivo de promover a última leva dos seus vinhos que desembarcou no Brasil e lançar (segunda-feira passada, no restaurante La Bourgogne) a sua mais nova criação -o tinto Quinta do Ribeirinho-, Luís Pato, um dos melhores produtores da Bairrada -e de Portugal- fez visita a São Paulo.
Luís Pato é tido como um inovador na sua região. Foi ele um dos primeiros a utilizar o controle de temperatura na elaboração dos vinhos -para conservar as suas características frutadas- e a amadurecê-los em barris de carvalho novo.
Foi pioneiro também na utilização da uva tinta baga -que alicerça os melhores vinhos da Bairrada-, vinificada sem as cascas, para a elaboração dos seus (belos) espumantes brancos.
Inovou também ao utilizar num dos seus vinhos, o João Pato, uvas Cabernet Sauvignon, não recomendadas na região, razão pela qual seu produto não tem direito a exibir o selo de denominação de origem, ponto que não parece preocupá-lo.
Novidade
"Para meus clientes, tanto faz que diga Bairrada no rótulo ou não", proclama. "O que interessa é o conteúdo."
Foi esta mesma a filosofia que Pato parece ter aplicado na concepção do seu novo tinto "top of the line", o Quinta do Ribeirinho 95, outro exemplar com a sua assinatura, que, por ter sido engarrafado antes dos 18 meses de envelhecimento exigidos por lei, não tem direito à denominação de origem.
O vinho foi elaborado com uvas baga, provenientes de um vinhedo de um hectare localizado na Quinta do Ribeirinho -uma propriedade que está em poder da família desde o século 19- e amadurecido durante nove meses em carvalho novo francês das florestas de Alliers.
Apenas 1.020 garrafas foram elaboradas, 9.210 das quais pousaram no Brasil.
Surpresas
O resultado é um vinho que surpreende (o melhor do Pato até o presente), tanto pelo seu paladar redondo e aveludado e seu aroma rico e aberto com fruta bastante intensa (raros num tinto de guarda da sua idade), como, infelizmente, pelo seu preço (R$ 85).
Não menos surpreendentes (mas mais ao alcance dos bolsos dos mortais) foram os vinhos do portfólio tradicional do produtor apresentados na ocasião.
Na seção dos brancos (que normalmente ficam à sombra dos tintos), Pato se superou na versão 95 do seu Bairrada, mais aromático e cheio de fruta do que nunca (R$ 11,66).
Entre os tintos (sua especialidade), o destaque vai para o João Pato 92 (macio e equilibrado, R$ 14,50) e para o Vinhas Velhas 94 (ex-estrela do produtor), um Bairrada clássico, muscular, para beber agora ou para guardar (R$ 21,33).

Todos os vinhos estão à venda na Mistral (r. Rocha, 288, tel 011/283-0006).

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