São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Baudrillard diz que homem não terá direito ao futuro

Filósofo encerra ciclo de debates no Rio de Janeiro

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O mundo real está em vias de desaparecer, substituído pelo mundo virtual. O que existe hoje é uma abstração virtual sobre a qual flutuam os restos da realidade. A afirmação foi feita anteontem à noite no Rio pelo filósofo francês Jean Baudrillard, 67.
Baudrillard, que participou do ciclo de debates "Semana do Pensamento Francês", disse que o homem não terá direito ao futuro.
"O excesso de realidade pôs fim ao real, o excesso de comunicação pôs fim à comunicação. Há um distanciamento incessante da realidade. No simulacro, ainda havia a possibilidade de se decidir pelo real, o que não acontece no virtual", afirmou.
Para Baudrillard, a realidade virtual pôs fim ao sonho, ao imaginário. Se tudo é virtualizado, não há mais tempo para o sonho -o que há é um expurgo da ilusão.
Baudrillard explicou seu raciocínio: na época do tempo real, o futuro é devorado antecipadamente. Por isso, não se pode mais fazer previsões. "Não há mais análise, tudo está em desconstrução", afirmou.
"Estamos num processo catastrófico, mas não no sentido cataclísmico. Estamos sim diante de algo que funciona de formas que não conhecemos ainda, com regras que não dominamos. Não sabemos mais o que acontece com o universo real", afirmou.
Para Baudrillard, há uma identificação entre o perigo e o que salva. Ele cita como exemplo a teoria do Big Bang, a grande explosão que teria feito surgir o universo.
O ciclo de debates "Semana do Pensamento Francês" terminou na quarta-feira, com palestras de Baudrillard, Edgar Morin e Michel Maffesoli.

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