São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Começa 'temporada de greves' na França

BETINA BERNARDES
DE PARIS

A França passou ontem pela primeira grande paralisação nacional após as greves que pararam o país por quase dois meses no final do ano passado.
Funcionários públicos, médicos, professores, carteiros, trabalhadores das companhias de gás e eletricidade, controladores de vôo e ferroviários se manifestaram em defesa do emprego, do serviço público e do poder de compra.
Como o Brasil, a França passa por uma série de reformas administrativas. Os funcionários públicos protestam contra o congelamento de seus vencimentos neste ano e contra a supressão de 6.000 cargos, programada pelo governo para o próximo ano.
Sete federações sindicais francesas convocaram a greve de 24 horas. Uma nova manifestação deve acontecer até 15 de novembro.
Em Paris, cerca de 23 mil pessoas, segundo a polícia (ou 54 mil, de acordo com os organizadores), participaram de uma passeata.
Os manifestantes carregavam faixas com dizeres como: "Privatização é bom para os ávidos, não para os usuários".
A secretária nacional da Confederação Francesa Democrática do Trabalho, Nicole Notat, foi vaiada pelos manifestantes aos gritos de "vendida" quando se posicionava na frente da passeata.
Os participantes do protesto jogavam papéis e sacos em direção à dirigente sindical, acusada de ter posições muito favoráveis às reformas propostas pelo primeiro-ministro Alain Juppé.
"A CFDT está presente quando e onde for preciso para sustentar as reivindicações dos assalariados, dos desempregados e dos aposentados" disse Notat.
Em Marselha (sul), cerca de 15 mil pessoas, pelas contas da polícia, fizeram protesto pelas ruas. Na região da Normandia (norte), cerca de 30 mil pessoas também participaram das manifestações.
A greve afetou principalmente a rede ferroviária nacional, onde circulou um trem a cada três.
A Direção Geral da Aviação Civil colocou em prática um plano de emergência, garantindo serviço mínimo com 15% do tráfego aéreo.
Os médicos só atenderam casos de emergência. Entre os professores, a adesão foi de 65% no primeiro grau e 50% no segundo grau.
Funcionários de ministérios também cruzaram os braços. No da Economia e das Finanças, a adesão foi de 51%.
O ministro do Setor Público, Dominique Perben, acenou com a possibilidade de negociações salariais "antes do fim do ano".
Em 10 de outubro do ano passado, uma manifestação de funcionários públicos deu origem às greves. Uma pesquisa publicada pelo jornal "Le Parisien" mostra que 64% dos franceses apoiavam a greve de ontem.

Texto Anterior: Escolhido júri do caso civil de O. J. Simpson; Nórdicos são aceitos no acordo de Schengen; João Paulo 2º volta ao trabalho após cirurgia; Mandela e namorada fazem aparição oficial
Próximo Texto: Igreja paga anúncio para acusar alemães
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.