São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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MULHERES E MATERNIDADE

Nas últimas décadas, as mulheres, principalmente no mundo ocidental, têm obtido diversas vitórias, como independência profissional e financeira e domínio sobre sua sexualidade. A participação do sexo feminino no mercado de trabalho aumentou, e muitas mudanças culturais, impulsionadas pelos movimentos libertários dos anos 60 e 70, foram gradualmente absorvidas pela sociedade.
Com o afã de conquistar espaço reservado anteriormente apenas aos homens, objetivos femininos, como o desejo de ser mãe, eram deixados de lado ou até mesmo condenados por quem levava às últimas consequências as bandeiras da igualdade.
A cantora norte-americana Madonna conseguiu vencer em um mundo ainda dominado, em grande parte, por homens. Seu sucesso profissional e financeiro, aliado aos escândalos -administrados com as minúcias que o marketing moderno exige-, garantiram a ela o papel de mulher contestadora. Disseminou a imagem de pessoa livre, em relação à sua vida e às suas idéias.
Essa mesma escandalosa libertária tomou a decisão de ter um filho. Quando e com quem quisesse, usando o sagrado direito da opção, tão importante para as militantes feministas. Sua imagem de mãe, aos 38 anos, mostra que a maternidade é possível mesmo dentro da luta contra a cultura patriarcalista.
O nascimento de sua filha permite à cantora reunir em si mesma praticamente todas as possibilidades existentes hoje para o sexo feminino. Sucesso, independência, liberdade sexual, casamento, separação, abortos -publicamente admitidos-, filho. Madonna experimentou tudo.
Nem todas passarão por isso, o que naturalmente não é necessário. A estrela pop mostra apenas que as opções são diversas. Ainda há muito a fazer para estabelecer uma real igualdade de oportunidades entre os sexos. Mas é possível, para as mulheres, realizar de tudo, desde radicais objetivos dos anos 60 até o tão antigo quanto eterno desejo de ser mãe.

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