São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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O enviado especial de FHC

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O governador do Rio Grande do Sul, Antônio Britto (PMDB), está viajando pelo país para conversar com outros governadores do PMDB.
Britto esteve na semana passada gastando seu tempo -e o dinheiro de quem pagou o deslocamento do jatinho fretado que o transportava- em locais bem distantes dos pampas.
Almoçou no sábado com o governador Valdir Raupp (Rondônia), em Porto Velho. Encontrou-se também com Wilson Martins (Mato Grosso do Sul) e Dante de Oliveira (Mato Grosso) em seus respectivos Estados.
Os próximos da sua lista para este fim-de-semana são Divaldo Suruagy (Alagoas), José Targino (Paraíba), Garibalde Alves Filho (Rio Grande do Norte) e Mão Santa (Piauí). O jatinho de Britto irá para esses Estados, nessa ordem. Quem paga, diz o governador gaúcho, "é o PMDB".
As conversas, afirma Britto, são "sobre coisas administrativas (...) para ver o que eles estão fazendo, aquela coisa administrativa normal, conversar um pouco sobre o partido".
Em Brasília, gente graúda do PMDB diz que as conversas são mais específicas. Britto estaria, a pedido de FHC, amarrando o apoio formal dos governadores à emenda da reeleição.
O gaúcho nega. "Não posso amarrar o que já está amarrado", alega.
De toda forma, Britto faz um trabalho messiânico sobre a reeleição. O assunto sempre aparece. E ele explica do que se trata a emenda. Sua fala é recheada de palavras invocando apenas convicções ideológicas.
Nas entrelinhas, o governador viajante permite ao interlocutor inferir sobre resultados concretos de um apoio firme à reeleição. Por firme, entenda-se garantir deputados votando a favor no Congresso.
Britto descreve as maravilhas de ser um governador aliado a FHC. Já teve a dívida de seu Estado renegociada. E mais benesses podem vir.
Sem dinheiro para investir, os governadores visitados ouvem. E logo pensam em conseguir deputados para votar a favor da reeleição. Para serem todos tão felizes como Antônio Britto.

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