São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 1996
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Sonho olímpico

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, já demonstrou a capacidade de mobilizar as pessoas em prol de causas nobres. Sua campanha contra a fome transpôs há tempos a barreira de iniciativa não-governamental para se tornar uma onda de solidariedade, que hoje faz parte do calendário cívico do país.
Betinho volta à carga, agora inspirado no esforço dos que querem ver o Rio de Janeiro como a sede das Olimpíadas de 2004.
Como se sabe, o Rio é cidade candidata a sede da primeira Olimpíada do próximo milênio e precisa se preparar para isso.
Mas não basta à cidade ter apenas a infra-estrutura esportiva para abrigar o evento. É preciso estar habilitada socialmente.
Foi com essa intenção que Betinho lançou ontem a Agenda Social Rio 2004.
Contando com o apoio de entidades como o Movimento Viva Rio, Associação Comercial e outras, a agenda tem cinco pontos fundamentais: escola para todas as crianças, moradia digna para todas as famílias, mais alimento, favelas urbanizadas e esporte aliado à cidadania.
É certo que a criação de tal agenda levou em consideração que, para abrigar um evento da envergadura de uma Olimpíada, não são suficientes apenas os bons estádios, alojamentos e a segurança. É preciso mais.
O Rio de Janeiro abriga cerca de 450 favelas, nas quais vivem quase 900 mil pessoas em situação entre a precária e a miserável. Muitas dessas favelas, como se sabe, vivem à mercê da criminalidade.
Não se pode esconder essa realidade para que a Olimpíada venha para cá.
O propósito da agenda é, justamente, aproveitar o "espírito olímpico" para reunir recursos que possibilitem pôr fim às desigualdades mais gritantes e que envergonham o Brasil diante do mundo.

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