São Paulo, sábado, 19 de outubro de 1996
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"Basquiat" visita Basquiat na Bienal

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

"Como se pronuncia 'Ibirapuera'?". "O que é bacalhau?". "Waltércio é nome de homem ou de mulher?"
Essas foram algumas das curiosidades que marcaram a visita que o ator Jeffrey Wright, o protagonista do filme "Basquiat", ao pavilhão da Bienal na tarde de anteontem.
Americano de Nova York que é, Wright tropeçou algumas vezes antes de acertar as seis sílabas do nome do parque. Já dentro do pavilhão da Bienal, quis saber que peixe era aquele na tela "Auto-Retrato com Cabeça de Bacalhau", de Munch, seu preferido. Também se encantou com a leveza das peças de Waltércio Caldas, principalmente a dos fios coloridos suspensos no teto.
Mas o objetivo principal era outro. O ator de "Basquiat" foi à Bienal ver as sete telas de Basquiat presentes no evento. Uma oportunidade rara, visto que as telas pertencem a coleções particulares e raramente podem ser vistas juntas.
"Vi essas telas apenas em livros e nunca pensei em encontrá-las aqui", disse Wright, parado em frente à tela "Profit 1", sua preferida. "É a mais espiritual de todas. Parece que a figura quer sair da tela, ganhar outra dimensão. É como se Basquiat estivesse preso em uma armadilha do mundo", disse.
Também se entusiasmou com as parcerias de Warhol e Basquiat em duas das telas: "Arm & Hammer" e "Ganhe $ 1.000.000". "Eles nunca perderam suas individualidades. Warhol e Basquiat era espíritos opostos, solitários, mas que se complementavam. Havia uma relação muito interessante entre eles", disse.
Um tipo de relação semelhante aconteceu entre o próprio Wright e o diretor do filme, o artista plástico Julian Schnabel. Para incorporar Basquiat no filme, Wright teve "aulas de pintura" com Schnabel. "Pintamos durante uns dois ou três meses antes de começarmos a filmar. Tenho apenas uma delas. Schnabel ficou com as outras."
Mas os olhos de Wright não são apenas para Basquiat. O ator se impressionou com as esculturas de Jesús Soto. "É mágico! É 'cool'!", exclama, referindo-se ao fascínio das linhas que se tornam cores, formas e ilusão nas mãos do artista venezuelano.
Na sala do baiano Mestre Didi, Wright lamenta não ter conseguido ir à Bahia, uma lembrança que o acompanha até a sala do inglês Anish Kapoor, quando o ator relaciona Kapoor e "capoeira".

O colunista Antonio Callado está em férias

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