São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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Petista inovou ao criar teste anônimo para Aids

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A implantação dos conselhos de saúde, a ampliação da rede, a descentralização e a criação de serviços especiais são apontados pelos petistas como os pontos altos da administração Erundina. Em quatro anos, foram criados 23 serviços, a maioria deles mantidos em banho-maria pela gestão Paulo Maluf. Muitos sobreviveram ao PAS, mas as equipes foram desmontadas.
Entre esses serviços destacam-se o da mulher, da saúde mental, da criança, do trabalhador, do idoso, de Aids e do tratamento bucal.
O COA de São Paulo, um centro de orientação e acompanhamento voltado para a Aids, foi o primeiro no país a fazer testes anônimos. O modelo foi adotado pelo Ministério da Saúde. Segundo secretários da época, cerca de 3.000 portadores do HIV ou doentes de Aids eram acompanhados e medicados em unidades municipais. Com a gestão Maluf, o COA só não foi fechado por causa dos protestos de militantes e organizações não-governamentais ligadas à Aids.
No balanço de fim de gestão, o PT anunciou a abertura de 70 unidades de saúde -incluindo seis hospitais-, a reforma e ampliação de 175 unidades de saúde e a ativação de 2.062 leitos hospitalares. Foram criados 15 centros de convivência e abertos 12 hospitais-dia em saúde mental.
O pronto-socorro do Tatuapé foi reformado e aumentou seu atendimento de 800 para 1.500 pessoas por dia.
O Hospital Jabaquara aumentou as instalações para politraumatizados e a maternidade de Vila Nova Cachoeirinha manteve-se como referência para partos de risco.
Quando Erundina assumiu, havia oito centros de saúde voltados para a saúde da mulher. "Quando saímos, mais de 100 unidades de saúde ofereciam planejamento familiar", diz o deputado Eduardo Jorge, primeiro secretário da Saúde da gestão Erundina.
Para o deputado, o PT foi exemplar no trabalho de promoção da saúde, mas esse esforço "não foi percebido pela população". "As consequências do fim desse trabalho vão aparecer na porta dos hospitais a médio e longo prazo", diz.
Foi a gestão petista que criou o Pró-Aim, um sistema de informação sobre a mortalidade no município que permite respostas rápidas por parte do sistema de saúde. Até então, era preciso esperar um mês para saber, por exemplo, do que morriam os habitantes do município.
Outra mudança do PT foi o aumento de funcionários concursados, de 20% para 90%. Os concursos -segundo Eduardo Jorge- - eram feitos por instituições independentes, como a Fundação Carlos Chagas.
Também caiu o número de funcionários alocados ao gabinete do secretário, ou seja, dedicados a serviços burocráticos ou dependentes da secretaria.
O vereador eleito Carlos Neder, ex-secretário de Erundina, diz que 70% dos funcionários da saúde estavam trabalhando vinculados a serviços locais e regionais quando o PT deixou a prefeitura.
(AB)

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