São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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Parentes atraem os fugitivos da miséria

VICTOR AGOSTINHO
DO ENVIADO ESPECIAL

A história dos favelados que moram no litoral norte é mais ou menos parecida. Fugindo das condições de miserabilidade do Nordeste do país ou do norte de Minas Gerais, a convite de familiares que já se instalaram em São Sebastião, eles vão chegando.
Nas primeiras semanas, todos dividem o mesmo barraco. Mais tarde, se houver condições, a moradia é ampliada para abrigar os recém-chegados.
Se o espaço for insuficiente, os agregados pesquisam novo local para se instalar e começam a construir. Atualmente, são invadidas áreas de proteção ambiental.
Os mais favorecidos -aqueles que conseguem emprego fixo- começam a erguer suas casas com blocos de cimento. Os que fazem bicos esporádicos, constroem a habitação com o que arrumam: tapumes, telhas de amianto etc.
A água vem da serra do Mar por mangueiras, que às vezes têm 500 metros. A eletricidade é tomada de algum poste. O esgoto acaba lançado na rua. Algumas -poucas- casas contam com fossa asséptica.
O terreno é sempre conseguido com invasões, seja ele particular ou público. Se for público, as chances de reintegração de posse e demolição da casa são menores.
"Em 20 anos vi umas três ações demolitórias chegarem até o final", afirma o secretário do Planejamento, Flávio Malta.
Na Vila Baiana (Barra do Sahy), as casas "melhorzinhas", ou seja, de alvenaria, estão cotadas entre R$ 10 mil e R$ 12 mil. Na favela Tropicanga (Boiçucanga), o barraco vale entre R$ 5 mil e R$ 10 mil.
Já na Favela da Vila, em Boracéia (Bertioga), um barraco de madeira estava sendo vendido por R$ 3 mil.
"É mais pelo trabalho que o fulano teve para construir", declara Elton de Oliveira, 26, motorista da ambulância que a favela ganhou de um vereador.

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