São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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Salário pode ser proporcional ao peso

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Salário pode ser proporcional à obesidade. No meio empresarial, as pessoas melhores remuneradas são também as mais gordas.
A conclusão pode até parecer estranha, pois quem tem dinheiro tem maiores chances de manter uma alimentação saudável e balanceada. Mas é palavra de quem entende do assunto: o grupo Catho, especializado em recursos humanos.
"Não dá para generalizar, mas os executivos vivem num mundo competitivo e estressante, com diversos almoços e jantares de negócios, muitas viagens e pouco tempo para os exercícios", diz o endocrinologista Marcello Bronstein, da Universidade de São Paulo.
A consequência natural, diz Bronstein, é o ganho de peso, principalmente após os 40 anos, quando o metabolismo dos seres humanos já não está em plena forma.
A pesquisa do Catho, divulgada na semana passada, ouviu 1.325 profissionais de alta diretoria, chefia e supervisão. Com a tabulação de dados como peso, altura, salário e idade dos executivos, chegou à seguinte conclusão:
A remuneração média mensal dos ditos subnutridos é de US$ 3.000. A dos que estão com peso normal é de US$ 4.150. Os que estão com sobrepeso ganham US$ 4.850 e os obesos, US$ 6.000. O cálculo é baseado em critério da Organização Mundial da Saúde (peso dividido pela altura ao quadrado).
Claudir Franciatto, vice-presidente do Catho, diz que uma das conclusões da pesquisa é que o fato de os executivos ganharem bem faz com que incorram mais comumente em abusos alimentares.
Nesses cargos, diz Franciatto, é também maior o número de viagens e os pernoites em hotéis, normalmente sinônimos de alimentações calóricas.
Compulsivo
"Quanto mais alto o cargo na hierarquia da empresa, maior a pressão que é descontada na hora da alimentação", diz Franciatto.
O psiquiatra Jorge Figueiredo, que tem diversos clientes com esse perfil, diz que os executivos ganham peso por comer compulsivamente.
"Eles buscam a satisfação de forma rápida e vêem na comida uma forma de aliviar a pressão, a angústia e as carências particulares", afirma Figueiredo.
Outro fator, diz Bronstein, é que nas reuniões de negócios durante as refeições, os executivos estão mais preocupados com o tema da conversa e dão pouca atenção ao que estão levando até a boca.
"Eles não percebem o que estão beliscando no couvert, que pediram o prato mais calórico ou quantos copos de uísque já beberam", diz Bronstein.

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