São Paulo, domingo, 20 de outubro de 1996
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VOLTA POR CIMA

Nos anos 80 e até o início desta década, firmou-se entre os observadores da economia mundial um diagnóstico extremamente pessimista sobre o futuro da economia norte-americana. Os EUA pareciam condenados à desindustrialização, à derrota econômica para japoneses e "tigres" asiáticos e a desequilíbrios macroeconômicos explosivos.
Embora muitos dos desequilíbrios apontados nos últimos anos continuem presentes, a economia americana vem ganhando força em virtude de uma impressionante transformação interna e de uma situação menos animadora em outros países.
Internamente, ocorreu uma desindustrialização, mas com avanços em termos de ganhos de produtividade, mudança tecnológica, sofisticação dos setores de serviços e com uma onda vigorosa de fusões e aquisições que mudaram a face da indústria e das finanças. Merece destaque a emergência de uma indústria cultural e de telecomunicações globalizada e de um sistema financeiro marcado pela atuação dos chamados investidores institucionais.
Ao mesmo tempo, em outros lugares houve promessas frustradas e dificuldades inesperadas. A principal inversão deu-se exatamente na economia japonesa, que parecia destinada a selar o fracasso dos EUA. O Japão vem passando nos últimos anos por uma crise financeira, produtiva e política sem precedentes no pós-guerra e cuja solução nem sequer se vislumbra no horizonte.
Na União Européia a frustração assumiu proporções também assustadoras. Desemprego endêmico, crescimento baixo, maior rigidez das estruturas empresariais e crise do Estado de Bem-Estar Social continuarão por pelo menos mais alguns anos.
Os EUA parecem ter dado uma guinada ainda mais notável, tendo em conta informações da última semana sobre lucros espetaculares no setor automobilístico. Para os pessimistas, era a "morte de Detroit" que anunciava o fim de uma era. Mas, se algo morreu, já renasceu.

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