São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 1996
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Governo negocia privilégio parlamentar por reforma

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputados e senadores poderão mais uma vez manter privilégios na votação da reforma constitucional. O governo já negocia a hipótese de os parlamentares serem enquadrados numa regra excepcional para superar o teto de vencimentos de R$ 10,8 mil previsto na reforma administrativa.
O líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA), disse ontem que é grande a "inquietação" entre os parlamentares devido ao limite: "A pressão é razoável".
O lobby é composto por 141 deputados que acumulam os vencimentos da Câmara com aposentadorias. Segundo a emenda da reforma administrativa, a soma de aposentadorias e de salários pagos pelo setor público não pode ultrapassar o teto de R$ 10,8 mil.
O líder insistiu que a principal preocupação do governo é garantir a quebra da estabilidade no emprego prevista na reforma administrativa. "Esse é o pilar da reforma, fundamental para reduzir despesas nos Estados e municípios."
A concessão seria feita aos parlamentares em troca da possibilidade de o governo demitir servidores. A exceção poderá ser estendida a ocupantes de cargos de confiança, como os ministros.
Gama encampou o argumento usado pelos deputados que defendem o privilégio. Eles dizem que o salário de deputado é transitório e contabilizam que muitos dos que foram eleitos nada receberiam pelo exercício do mandato se a acumulação estivesse limitada ao teto.
A emenda foi aprovada semana passada em comissão da Câmara, mas ainda faltam votar os destaques, que podem alterar o texto.
Não é a primeira vez que os parlamentares votam de acordo com interesses pessoais. Na reforma da Previdência, os deputados adiaram para 1999 o fim do Instituto de Previdência dos Congressistas, que concede aposentadorias a partir de oito anos de mandato.
Adiamento
O veto da equipe econômica à criação de um fundo para manutenção de rodovias com dinheiro da arrecadação de impostos vai adiar a votação da reforma tributária na Câmara. A decisão do governo foi anunciada ontem por Gama: "O governo não aceita o fundo rodoviário, e a votação só ocorrerá quando houver acordo".

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