São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 1996
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Força critica projeto do governo para FGTS

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sindicalistas da Força Sindical criticaram ontem a proposta do governo que permite ao trabalhador usar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para participar de leilões de estatais.
O ministro do Planejamento, Antonio Kandir, anunciou anteontem projeto que permite que os trabalhadores utilizem seu FGTS em fundos de investimento nas ações de estatais, que serão oferecidos por bancos.
A proposta será discutida com parlamentares e com setores da sociedade antes de ser enviada ao Congresso.
"O governo atropelou tudo. Criou um fundo que só vai dar dinheiro para banqueiros", afirmou Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, filiado à Força Sindical.
Paulinho participou com outros sindicalistas, ontem à noite, de uma reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro Paulo Paiva (Trabalho).
Ele afirmou que os trabalhadores querem ser "sócios" no processo de privatização.
"Queremos um negócio livre, que os sindicatos possam criar fundos de pensão. Eu não vou dar o meu FGTS para banqueiro administrar", disse o sindicalista.
O presidente da Força Sindical, Luiz Antonio de Medeiros, concordou com Paulinho. "Da maneira que está, nós não concordamos", afirmou Medeiros.
"Se o Kandir tivesse conversado com a gente, (a proposta) teria ficado melhor", completou.
Segundo Medeiros, a Força Sindical já discutiu com o governo o uso do FGTS nos leilões de privatização. "O Kandir nos deu um 'chapéu', no bom sentido."
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, afirmou que a CUT (Central Única dos Trabalhadores) vai discutir o projeto do governo e elaborar uma proposta sobre o tema.
Seleção
O governo vai selecionar as estatais privatizáveis que vão receber os investimentos dos trabalhadores com a aplicação dos recursos do FGTS. A idéia é escolher empresas que sejam lucrativas ou com potencial de lucratividade, para garantir menor risco do investimento e também o sucesso da utilização dos recursos do fundo.
"Queremos marcar gols a curto prazo", disse Kandir. "Vamos dar uma alternativa para que os trabalhadores possam participar das privatizações, mas temos que dar-lhes um mínimo de garantia."
Quem optar por ingressar nos novos fundos poderá aplicar até 50% do saldo que possui no FGTS.
Apesar de ainda não haver uma decisão nesse sentido, Kandir defende limite mínimo de aplicação dos saldos, ou "o custo operacional poderá se tornar muito alto".

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