São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 1996
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Lixo hospitalar pode ter novo tratamento

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo pode desativar no ano que vem os dois únicos incineradores de lixo da cidade.
O projeto, desenvolvido pelo Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana de São Paulo), prevê a substituição dos módulos por estações de desinfecção do lixo hospitalar, hoje tratado nos incineradores Vergueiro (zona sul) e Ponte Pequena (zona central).
Depois de triturado e de passar por processos de descontaminação, o lixo seria despejado nos aterros sanitários como dejeto comum, sem apresentar risco de propagação de doenças.
A proposta será apresentada ao secretário municipal de Obras e Vias Públicas, Reynaldo de Barros, na próxima semana. Caso aceita, poderá ser implantada em menos de seis meses, já que os editais de licitação estão prontos.
"O novo tratamento para o lixo hospitalar terá um custo de manutenção mais elevado para a prefeitura, mas compensa, pois vamos deixar de liberar gases tóxicos na atmosfera", diz o diretor do Limpurb, Paulo Gomes Machado, 75.
Os atuais incineradores, que tratam cerca de 150 toneladas de lixo hospitalar por dia, são equipamentos da década de 60.
Como possuem filtros obsoletos, liberam grande quantidade de resíduos poluentes, provocando reclamações da população e de entidades ambientalistas.
Novas técnicas
As novas técnicas para tratar o lixo hospitalar são utilizadas no exterior há cerca de três anos.
A autoclavagem a vapor consiste em manter o detrito a altas temperaturas (cerca de 130ºC), até que os germes sejam destruídos.
A hipocloretação é a adição de substâncias químicas, após a trituração. Estuda-se também a técnica de descontaminação pelo aquecimento por microondas, já utilizada em Campinas (99 km de SP).
Uma das especialistas em substâncias tóxicas do Greenpeace (entidade ambientalista), Marijane Lisboa, 49, afirma que as técnicas de desinfecção são mais eficazes que os incineradores, mas ressalta que é essencial a coleta seletiva dentro dos hospitais.
"Apenas uma pequena parte do lixo hospitalar (cerca de 10%) é contagiosa. O resto é rejeito doméstico e não precisaria ir para a desinfecção", explica.

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