São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 1996
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Exames devem sair hoje

DA SUCURSAL DO RIO

Técnicos da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) suspeitam que os 33 bebês mortos este mês em Boa Vista (RR) tenham sido contaminados pela bactéria acinetobacter.
A bactéria não é transmitida de bebê para bebê. Para a Fiocruz, os bebês teriam sido contaminados devido às precárias condições de atendimento. Os primeiros resultados dos exames devem sair hoje.
Amostras de fezes e sangue de oito bebês contaminados estão sendo analisadas no laboratório do Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, no Rio.
A bactéria pertence ao chamado grupo gram negativo.
O diretor do instituto, João Barbosa, disse ser "muito provável" a contaminação dos bebês pela acinetobacter. Falta de ar e abdômen endurecido são os primeiros sintomas de contaminação por essa bactéria.
Barbosa disse que a provável contaminação bacteriana teria se dado pelas mãos de funcionários ou mesmo mães e familiares dos recém-nascidos.
Segundo ele, a doença provocada pela acinetobacter tem uma evolução muito rápida. "Geralmente em 48 horas a criança está muito mal", declarou o diretor do instituto.
Agravamento
Barbosa disse que o problema se agrava -podendo levar à morte- quando "a criança é recém-nascida e frágil".
Antibióticos de última geração foram enviados para o hospital, para o tratamento inicial dos bebês contaminados.
O diretor afirmou que, pelas informações recebidas, o atendimento no hospital estadual Nossa Senhora de Nazaré "é muito precário".
Segundo ele, falta luz todos os dias em Boa Vista. Como o corte de energia é diário, não há condições de se ter, por exemplo, ar-condicionado no hospital.
"Com a falta de luz, falta também água, porque não podem ligar as bombas", disse.
A médica Elizabeth Moreira e a chefe da enfermagem do Instituto Fernandes Figueira foram enviadas para Boa Vista para ajudar no trabalho de atendimento dos pacientes.
Os bebês já foram retirados do berçário do hospital.

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