São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 1996
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Mortos são abandonados

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA (RR)

Poolmakisuel Pereira dos Santos foi abandonado pela mãe, Jakissilene de Farias, 16, no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazaré logo após o nascimento, no início de setembro.
Segundo a irmã de Jakissilene, Radine Pereira de Farias, 32, a mãe nunca foi visitar o filho. Apesar disso, Poolmakissuel, que nasceu prematuro, com 2,1 kg, ainda resistiu por 40 dias no berçário.
Radine Farias, que já tem três filhos, afirma que já havia entrado em acordo com a irmã para adotar o bebê após o nascimento.
"Ela vive pelas ruas, não tem compromisso com nada. Eu queria esse menino", disse.
No cemitério Campo da Saudade, onde a maioria dos bebês mortos na maternidade está enterrada, o túmulo de Poolmakisuel se destaca dos outros por ter em cima uma cruz com o nome dele escrito com caneta esferográfica.
Os outros túmulos, ao lado do dele, são montes de terra, sem lápide nem cruz. Os bebês mortos na maternidade foram praticamente abandonados no cemitério.
"Quando fomos enterrar o Poolmakisuel, houve o enterro de mais quatro crianças. Todas estavam sozinhas, sem pai nem mãe."
O abandono é relatado também por Edilamaria de Oliveira Augustinho, uma das mães que perdeu a filha. Ela diz que uma de suas companheiras de enfermaria, ao saber que o filho estava praticamente morto, abandonou o hospital. Depois de um dia no necrotério, foi levado ao cemitério e enterrado.

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