São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 1996
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Para Ricupero, redução lenta de custos dificulta investimentos

Brasil recebeu US$ 4,5 bilhões do exterior em 95

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O embaixador Rubens Ricupero, secretário geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), disse que a lentidão das medidas para reduzir o "custo Brasil" está encurtando o horizonte para a atração de investimentos maciços das empresas transnacionais.
Ele fez essa afirmação em entrevista antes de sua participação no seminário "A globalização tem futuro? - Os investimentos diretos no mundo", ontem, no Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, em São Paulo.
"O Brasil ainda tem uma janela de dois anos para atrair investimentos, mas não mais do que isso", disse Ricupero, que foi ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, em 1994, durante a introdução do Plano Real.
"O Brasil tem a vantagem de ter um mercado interno muito grande, o que mantém o interesse das empresas multinacionais, mas isso não vai durar para sempre e acho que nosso horizonte está se encurtando à medida que passa o tempo", afirmou.
Com base no "Relatório de Investimentos Mundiais 1996", da Unctad, publicado no mês passado, Ricupero analisou as tendências dos investimentos e o processo de globalização. Participaram como debatedores os presidentes das múltis Philips do Brasil, Marcos Antônio Magalhães, e da Robert Bosch, Rolf Leeven.
O relatório da Unctad mostra que os investimentos diretos no mundo alcançaram US$ 315 bilhões em 1995, a maior parte entre os países ricos. Cerca de US$ 100 bilhões desse total foram destinados a países em desenvolvimento, dos quais a China sozinha captou US$ 36 bilhões. O Brasil ainda está numa posição modesta porque recebeu apenas US$ 4,5 bilhões.
Ricupero disse que os investimentos das transnacionais, cada vez mais, condicionam o comércio mundial, a transferência de tecnologia e os financiamentos.
Segundo cálculos da Unctad, as vendas das filiais estrangeiras das empresas transnacionais, que são 39 mil com 270 mil filiais, superam o total do comércio mundial em bens e serviços.

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