São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 1996
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Mortes no berçário podem chegar a 36

ANDRÉ MUGGIATI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA (RR)

Os mortos no berçário do hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazaré em outubro podem chegar a 36. Morreu ontem à tarde um dos bebês gêmeos da índia ianomâmi Paulina Ianomâmi.
Até anteontem, a administração do hospital vinha divulgando que haviam ocorrido 33 mortes.
Ontem, a direção divulgou uma lista com nomes das mães de 34 bebês. Segundo o hospital, o número de bebês mortos -antes da morte do bebê índio- era 34 (não 33), pois duas meninas trigêmeas foram contadas como uma única.
Além disso, Eleine Almeida da Silva não constava da lista de mães divulgada ontem. A Agência Folha teve acesso ao atestado de óbito da filha de Silva, Maria Alexandra, que morreu aos seis dias de septicemia (infecção generalizada), dentro do berçário. A direção disse que investigaria o caso.
O relatório divulgado ontem também não inclui os nascidos mortos. A direção do hospital vinha dizendo que os natimortos estavam entre os 33. Se forem considerados, o número chega a 39.
Relatório de técnicos do Ministério da Saúde, divulgado anteontem, afirmou que o aumento do número de mortes no hospital começou no mês de agosto.
Desde agosto morreram, na maternidade, 62 bebês. A média, nos três meses, é de aproximadamente 26,6 mortes.
Até então, a média, este ano, era de 8,4 mortes por mês.
A direção do hospital divulgou ainda outro relatório com a situação atual do berçário.
Berçários improvisados
Desses, oito bebês continuam em tratamento com antibióticos. Segundo a diretora do hospital, Francinéia Moura, "eles não têm infecção e tomam antibióticos por prevenção".
Os demais bebês no berçário têm diarréia, problemas neurológicos, respiratórios e malária.
No outro berçário, estão 11 bebês que nasceram na maternidade após o fechamento do berçário. Para Francinéia Moura, que assumiu a direção no dia 23, após a demissão de Odete Domingues, "medidas simples estão ajudando a evitar novas mortes."
Segundo a direção, do dia 22 até ontem, não morriam bebês de infecção, e a única morte nesse período foi causada por sufocamento por líquido intra-uterino.
Segundo ela, a equipe que trabalha na limpeza aumentou de 51 para 100 pessoas. Ela afirmou desconhecer a situação do hospital antes de assumir a direção.
Para a ex-diretora Odete Domingues "foi preciso uma tragédia para que fizessem o que era pedido faz tempo." A ex-diretora destacou obras feitas na pediatria, a aquisição de equipamentos, a desobstrução da fossa sanitária, além da limpeza e desinfecção.

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