São Paulo, sábado, 2 de novembro de 1996
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Democratas tentam reverter minoria no Congresso em eleição disputada

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A previsão mais difícil sobre as eleições de terça-feira é qual partido terá maioria nas duas casas do Congresso. O Republicano, de oposição, ganhou o controle de ambas há dois anos. Mas o Democrata, que foi majoritário na Câmara de 1953 a 1994 e no Senado por 34 anos, espera que a antecipada vitória de Clinton o reconduza ao domínio parlamentar.
A Câmara, onde os republicanos têm 235 das 435 cadeiras, se renova inteira, como acontece a cada dois anos. No Senado, onde a oposição é dona de 53 das 100 vagas, 34 estão em jogo. Os democratas precisam de um ganho líquido de 19 lugares na Câmara e de 3 no Senado para vencer os republicanos.
Governadores
Há ainda 11 eleições para governadores de Estados. A oposição está no poder em 31 dos 50 Estados.
Em 14 das 34 eleições para o Senado, as pesquisas de intenção de voto não indicam favorito. Dos candidatos, 8 democratas e 12 republicanos são considerados prováveis vencedores nas demais.
No caso da Câmara, há favoritismo para os republicanos em 205 casos, para os democratas em 183, e em 47 o resultado é imprevisível.
O Senado está perdendo alguns de seus mais ilustres integrantes, inclusive três que chegaram a ter ambições presidenciais, todos democratas: Paul Simon, de Illinois, Bill Bradley, de Nova Jersey, e Sam Nunn, da Geórgia. A senadora Nancy Landon Kassebaum, 64, aposenta-se para casar.
Em compensação, pode se manter na casa o mais idoso parlamentar da história do país, Strom Thurmond, 93, que se elegeu pela primeira vez a cargo público em 1928, concorreu à Presidência em 1948 e está no Senado desde 1955.
Thurmond conviveu com um quinto de todos os membros do Senado dos EUA desde a criação da Casa, em 1789. Um deles, Rick Santorum, não tinha nascido quando Thurmond se elegeu senador pela primeira vez.
Centenário
Mas talvez Thurmond, um conservador empedernido da Carolina do Sul, não obtenha o mandato que completaria no ano do seu centenário. Pela primeira vez, ele tem um adversário difícil: o democrata Elliot Close, 42, milionário e também conservador.
Há vários duelos interessantes por cadeiras no Senado. No Texas, o professor secundário Victor Morales conduz uma quixotesca batalha contra Phil Gramm, o poderoso senador que tentou ser o candidato republicano à Presidência deste ano. Gramm, 54, está gastando US$ 3,6 milhões na sua campanha; Morales, 47, US$ 100 mil.
Em Nova Jersey, Robert Torricelli, 45, ex-namorado de Bianca Jagger, trava luta ferrenha com o arquiconservador Richard Zimmer, 52, pela vaga que pertenceu a Bill Bradley. Cada um está gastando cerca de US$ 8 milhões.
Jesse Helms
Na Carolina do Norte, Jesse Helms, 74, autor da lei que ampliou o bloqueio a Cuba sancionada neste ano pelo presidente Clinton, enfrenta pela segunda vez Harvey Grant, 53, o ex-prefeito negro de Charlotte, que por um triz não o venceu em 1990.
Na Virgínia, a agressividade entre os candidatos, ambos de sobrenome Warner (John, 69, republicano, em busca da reeleição, e Mark, 41, democrata), chegou a tal nível que até um expediente "soviético" foi utilizado pelo senador, que adulterou uma foto para comprometer o adversário.
Em Minnesota, Paul Wellstone, 52, democrata, tenta manter o título de "último liberal puro vivo" do Senado, contra o ex-senador Rudy Boschwitz, 65, republicano.
Na Geórgia, o político mais odiado do país, o presidente da Câmara, Newt Gingrich, 53, enfrenta sua mais difícil reeleição, contra Michael Coles, 52, um milionário industrial, dono da fábrica de biscoitos Great American Cookie.
No Estado de Washington, Gary Locke, 46, democrata, pode se tornar o primeiro governador asiático-americano do país. Ele vai ter de vencer Ellen Craswell, 64, republicana, uma fanática religiosa.
Controle
A tendência na eleição para o Congresso, independentemente do partido que saia vitorioso, é de que a composição seja ainda mais conservadora e nacionalista do que a da atual legislatura.
Embora qualquer previsão seja arriscada, é provável que muitos eleitores que votam em Clinton, apesar de não confiarem muito nele, queiram garantir algum tipo de controle rígido sobre suas ações e, por isso, talvez escolham candidatos da oposição ao Congresso.
A expectativa é que, mesmo se os republicanos mantiverem a maioria, ela será menor do que a atual na Câmara e provavelmente igual ou também menor no Senado.

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